A BIOLOGIA.

 


       Meu professor de biologia, Prof. Ubiratan, na Escola Municipal Theodorico Fonseca, Valença, RJ, sempre repetia sua frase: " A Natureza não dá mancada." Ela está sempre certa, regida por uma sabedoria superior.

       Na época Prof. Ubiratan, era ateu, comunista, marxista e revoltado, um típico biólogo daquele tempo, tal como vários que eu conhecia. Mesmo assim Ubiratan reconhecia a grandeza dos processos vitais.

       A biologia era também chamada História Natural. Ela é sábia,tal como a História Universal e a história  individual de cada um, a biografia.

       Tentarei aqui ilustrar essa teoria com o exemplo de minha irmã, a Maura Lúcia. Sua história sinaliza para "Algo mais, entre o céu e a Terra..." (Hamlet, Shakespeare).

       Minha irmâ , casada com um professor universitário, foi com ele para a Inglaterra , onde ele faria um PhD.

       Lá nasceu a filha, Natália, linda, orgulho da família.

       Os dois se separaram e Maura casou-se com um cidadão irlandês, nascido na Rodésia do Sul, África. Era professor  de História, comunista, ateu e revoltado, de mal com a vida.

       Na Rodésia do Sul o revolucionário Mugabe liderou um golpe, derrubou o governo branco, rebatizou o país de Zimbabue e implantou a ditadura proletária marxista, seguindo o exemplo de vários líderes revolucionários africanos.

       Minha irmã, o segundo marido e a filhinha mudaram-se para Zimbabue para colaborar com Mugabe na consolidação do novo regime socialista.

       A vida piorou muito para eles.

       Desanimados emigraram para o Brasil, já com três crianças. Abandonaram o Mugabe, meio  decepcionados com seu regime socialista    

       O tal de Mugabe, revolucionário, implantou a ditadura proletariada, encastelou-se no poder por 37 anos, manteve o povo na miséria, amealhou uma fortuna pessoal depositada em paraísos fiscais, no valor de 10 milhões de dólares. 

       Ao sofrer um golpe militar em 2017, abandonou o país, manteve  sua fortuna intacta, várias residências no exterior, 10 veículos de luxo, uma dúzia de fazendas confiscadas de seus donos e outras propriedades na África do Sul.

      Após sofrer o golpe refugiou-se em Singapura, onde veio a falecer aos 95 anos de idade, sendo sepultado numa de suas propriedades rurais e tendo toda sua fortuna transferida para sua mulher e filhos, nos moldes da Lei. Para minha irmã, nada.

      No Brasil minha irmã, muito dinâmica e dominando o inglês, logo empregou-se na empresa Control Data, de informática. Em pouco tempo cresceu na empresa, como assistente do chefe. No exercício do cargo, tornou-se mais competente do que o patrâo. Frequentemente  ele  a solicitava para resolver problemas que ele não conseguia resolver.

       Correu a notícia daquelas situações constrangedoras, o chefe sentiu-se diminuído perante os subordinados e passou a persegui-la, na esperança de  livrar-se dela. Também não conseguiu.

       O marido, professor de  inglês e História, conseguiu um ótimo emprego na Escola Americana, classe A.        

       Alugaram uma mansão em Laranjeiras, bairro nobre na zona sul do Rio de Janeiro. O proprietário, um arquiteto, reformou a mansão para eles. Era o melhor dos mundos. O salário dela pagava o aluguel. O dele cobria as despesas.

       Ele, marxista revoltado, brigou com o americano, diretor da escola e foi sumariamente demitido. A revolta aumentou.

       Por sorte arranjou um excelente emprego na Escola Britânica, quase tâo elitista quanto a outra.

       Sua  revolta era tal que resolveu inventar um conflito com o guardador de carros no estacionamento  privado da Escola. Queria escolher o melhor lugar para o seu carro. Não conseguiu, deu uma bofetada no guardador e foi imediatamente  demitido.

       A situação piorou e por causa do aluguel, entraram na Justiça contra o arquiteto proprietário. Perderam a questão, venderam tudo, pagaram o passivo e as custas do processo e emigraram de volta para Londres.

       Sem saber bem o que fazer,  a família, com três filhos, emigrou para o Qatar, ele como professor na Escola Britânica, ganhando petrodólares, tudo como ele não queria, como bom marxista.

       Maura Lucia tentou adaptar-se. Uma vez foi agredida no supermercado por uma mulher, porque a burca não estava bem colocada.

       Sendo difícil  suportar as exigências do Alcorão, voltaram para Londres.

       Como cidadãos europeus, de lá  migraram para a França.

       Minha irmã, muito esperta, logo dominou o francês, empregou-se muito bem e até comprou uma casa. Ele, só falando inglês, ficava em casa e cuidava das crianças, já crescidinhas. 

       A situação deteriorou e separaram-se. Ela arrumou outro, um francês, muito gentil.

       Ele arrumou outra, uma francesa, muito competente, funcionária da Previdência Social e que entendia muito de Leis Trabalhistas. Conseguiu, na Justiça, o direito de o companheiro, desempregado, receber pensâo alimentícia da minha irmã.

       Minha irmã, Maura, indignada, cumpria a Lei. Até que ele se tocou, voltou para os petrodólares e levou os dois filhos.

       Ela separou-se do francês e como cidadâ irlandesa, mudou-se para Cork. Sempre brilhante, lá arranjou um bom emprego.

       Eu daqui, acompanhava sua trajetória, vitoriosa.

Surpresa que mais tarde  tive (G. Rosa). Ela me ligou de madrugada e  perguntei: 

      --Maura,  onde você està? Já se mudou?

      --Estou em Singapura.

       --O que você está fazendo em Singapura a estas horas?

       --Estou trabalhando em minha nova empresa.

       --Ah bom!

       Maura Lucia era um fenômeno. Minha irmã e afilhada.

       Continua  em Cork, contando o tempo para se  aposentar e voltar para a França.

      Seu nome agora é Maura Lucia Lula  da Silva  Avila.

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