O Boi Orgânico

Como já se percebe claramente pela “mídia”, o consumo de alimentos orgânicos cresce rapidamente no Brasil e no mundo. Segundo estatísticas recentes, o aumento registrado em nosso pais foi da ordem de 50% no ano passado.
Frutas, legumes, doces estão hoje disponíveis não apenas nas chamadas “lojinhas” de produtos naturais, mas também em cadeias de lojas finas do tipo “delikatessen” e, mais recentemente, até mesmo nas gôndolas de grandes supermercados. O mercado está aberto para alimentos orgânicos certificados, portadores de um selo de qualidade que garante sua excelência desde sua origem, cultivo, processamento, conservação e distribuição.
Curiosamente, apesar de todo esse avanço, nota-se ainda a ausência de oferta de produtos de origem animal, por exemplo, laticínios e carne. Registravam-se até aqui apenas raras iniciativas isoladas que ainda esperam pela certificação.
Mas também esse quadro começa a mudar. Para nossa satisfação, aconteceu no dia 3 de agosto próximo passado, a inauguração do primeiro frigorífico orgânico brasileiro, certificado com o selo IBD. A partir de agora, já podemos contar com a inclusão de “carne orgânica” no leque de produtos naturais disponíveis no mercado.
Mas o que é o “animal orgânico”? Em poucas palavras, podemos defini-lo como o animal manejado segundo as exigências de sua espécie. A ave tem bico, para bicar; o porco tem focinho, para fuçar. Concede-se ao animal a possibilidade de vivenciar plenamente os seus hábitos, respeita-se a sua vitalidade e sua astralidade, e isso é fundamental para sua saúde. Com relação ao bovino, impõem-se as mesmas exigências. Pastagem abundante e diversificada é pré-requisito para sua criação. Livre movimentação e farta alimentação com gramíneas, leguminosas e ervas. É o volumoso, colhido pelo animal no pasto. E no primeiro estômago, no rúmen, a população microbiana digere as fibras e demais componentes e prepara o bolo para a posterior digestão e assimilação. A partir de forrageiras rústicas produz-se proteína de alto valor, na carne e no leite.
O manejo adequado praticamente garante a sanidade do rebanho. Certamente podem ocorrer desvios, lançando-se mão, aí, de recursos homeopáticos e fitoterápicos que não implicam efeitos colaterais ou residuais. Sendo necessária uma intervenção mais drástica, alopática ou cirúrgica, aparta-se o animal para conduzi-lo a um lote convencional ou observar criteriosamente o prazo de carência exigido pela terapia específica. Cerca-se por todos os lados para assegurar que o produto final chegue à mesa do consumidor no melhor estado de pleno valor nutritivo.
Enaltecemos aqui essa louvável iniciativa de criadores e empresários de visão que vem preencher uma importante lacuna do mercado, ampliando mais ainda o leque de opções do consumidor consciente de produtos naturais.

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