COMPOSTAGEM

A compostagem biodinâmica  ou seja, a decomposição da matéria orgânica crua original, é um processo rigorosamente aeróbico. Quer dizer, o ar tem de circular o tempo todo por toda a pilha.

Se em algum ponto o ar não circula bem, ali desenvolvem-se processos anaeróbicos, putrefativos, malcheirosos, que devem ser evitados a todo custo.

Daí as diferentes receitas que recomendam os revolvimentos periódicos da leira para trazer o núcleo adensado para cima e levar a matéria de cima para baixo, invertendo-se as condições.

Essa não é a técnica que recomendamos.

O revolvimento exige grande esforço físico, braçal, ou o emprego de máquinas potentes, elevando o custo às alturas.

Em lugar do esforço braçal ou maquinal o agricultor biodinâmico recorre à criatividade e inventa, artisticamente, novas formas de garantir a aeração espontânea do monte de composto, sem jamais comprometer a comunidade de vida que se instala para trabalhar eficientemente a biomassa, sucedendo-se ao longo do tempo, segundo a variação de temperatura, de umidade, de índice de acidez ou alcalinidade etc.

A decomposição será mais lenta e segura, o que caracteriza um processo saudável. Qualquer artificialismo de aceleração repercute negativamente e desvia a compostagem de seu propósito natural, digerir lentamente a matéria orgânica crua e conduzi-la ao estágio final de húmus, uma massa higiênica, escura, friável, de consistência coloidal, com extraordinária capacidade de retenção de água (CRA) e de retenção e cessão de nutrientes (CTC), capacidade de troca catiônica.

Para que a decomposição aeróbica transcorra espontaneamente, instala-se na base do monte um feixe de bambu sobre alavancas, tendo ao lado galhos dispostos de forma desencontrada, propiciando a livre entrada e circulação de ar frio na base.

Acionando-se periodicamente as alavancas criam-se bolsões de ar que então circulam de baixo para cima, perpassando toda a massa, atraídos pelo calor endógeno, gerado a partir do calor etérico, oculto, presente nos enlaces atômicos e moleculares das substâncias, e liberado como calor físico, mensurável, graças ao metabolismo exotérmico dos organismos atuantes no processo.

Basta que o agricultor crie as condições necessárias e suficientes para que a coletividade meso e microbiana realize o seu trabalho, perfeitamente integrada ao seu habitat natural.