O BUMERANGUE


Os nativos da Austrália, os aborígenes, já conheciam o bumerangue, um artefato dotado  da notável capacidade de ir e voltar ao lugar de origem.
Graças a essa curiosa característica cunhou-se a expressão "efeito bumerangue". A agressão dirigida ao adversário vai e volta contra o agressor.
Quanta sabedoria contida nessa simples fórmula.
Semelhante é a expressão:
Quem sai para a chuva quer se molhar.
Quem lança o bumerangue já sabe que ele vai e volta. Vai e se revolta, contra o lançador.
Deslocando-nos da Austrália para a Europa Oriental vemos o mesmo princípio atuando, claro e incontestável.
Quando Kiev, o berço da atual Rússia já era uma respeitável metrópole, o feudo de Moscou ensaiava seus primeiros passos. 
Aí vieram os tártaros-mongóis, descendentes de Gêngis Khan, e com sua "horda dourada", destruiram  Kiev e dominaram a Russ por 200 anos.
Enfraquecendo-se Kiev surgiu para o incipiente Principado de Moscou a oportunidade de lentamente consolidar-se e fortalecer-se, conquistando mais e mais territórios, em várias direções. Era, e é, a lógica de qualquer nação ambiciosa: expandir-se o quanto mais. Lançar os seus bumerangues o mais longe possível, sem jamais suspeitar que um dia voltariam.
Assim expandiu-se e estabeleceu-se o mais extenso 
Império, o Império Russo Czarista, desde a Europa Oriental, passando por vastas regiões da Ásia, até os confins da Sibéria, e ainda atravessando o Estreito de Bhering, para conquistar o Alasca, no extremo da América do Norte.
Só mesmo os nativos australianos, os aborígenes, habilidosos que eram, poderiam prever o efeito da ambição desmedida.
Os Czares do Império Russo, bem como seus sucessores do Império Soviético e do atual Czarista Putin,  nem sequer sonhavam e não sonham, que o bumerangue tarda mas não falha.
Hoje, 2022, a extensa e poderosa Rússia é vítima de sua própria extensão e de seu poder.
Incapaz de se garantir dentro de suas enormes fronteiras, e no afã de ampliar ainda mais os seus limites, os "gloriosos" tiranos encurralam-se em seus supostos domínios , sob o ardor heróico de um povo simples, cultivador, prestes a consumar o vôo de volta, a aplicar a inevitável lei do retorno.

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