O ALASCA

 


       O Alasca é um imenso território inóspito, gelado e de difícil acesso. Corresponde a 17 % do território estadunidense. 

       Sua área é de 1,7 milhão de km2. Desde sempre aquele extenso território situou-se no continente americano. Nunca saiu de lá, é claro. Era uma Terra de Ninguém, esquecida, abandonada, desprezada.

       Apenas algumas tribos siberianas aventuraram-se pelo Estreito de Bhering e estabeleceram-se no Alasca. numa época em que a própria Sibéria, também gelada, inóspita e extensa, era habitada por tribos indígenas. donas de seu espaço. Poderíamos até afirmar que o Alasca é uma extensão da Sibéria, por suas características geográficas e demográficas.

       Depois de séculos ou milênios de esquecimento e abandono, primeiramente a Sibéria, depois o Alasca, passaram a ser cobiçados pelo Império Russo dos Czares.

       É que todo e qualquer Império, sem exceção, busca sempre expandir-se o quanto possível. É um exemplo de ambição desmedida.

       O Império Russo Czarista não foi diferente.

       Começou pequeno, ao sul, numa região chamada Rus de Kiev, a atual Ucrânia. 

       Vieram então as aterrorizantes hordas de tártaros-mongóis e conquistaram a Rus. Isso forçou  a emigração para o norte, vindo a constituir-se o Grão-Ducado de Moscou, mais tarde a Rússia de Moscou, posterior à Rus de Kiev. A Rússia de Moscou e a Rus de Kiev permaneceram sob o jugo mongol por quase 250 anos.

       Felizmente os tártaros mongóis não persistiram em sua selvageria. Dominavam a Rússia, cobravam impostos, mas toleravam a cultura local. Isso permitiu que o modesto Grão- Ducado de Moscou pudesse lentamente estabelecer-se, fortalecer-se , unificar a região e por fim até libertar-se do domínio mongol.

       Desse modo foi-se formando um Império tendendo a crescer sempre mais, como qualquer Império.

       Os Czares chegaram até os Montes Urais que separam a Rússia moscovita da asiática Sibéria.

       Não satisfeito, o Czar, seguindo o exemplo de tantos outros,  expandiu-se ainda mais, atravessou os Urais e partiu para conquistar a Sibéria inteira, submetendo as tribos locais ao seu domínio. Um território ainda mais extenso que a própria Rússia européia. Ocupou inclusive uma região pertencente à China, e que hoje se intitula  Vladivostok, o Dominador do Oriente.

       Os Czares russos, imbuídos do mesmo espírito expansionista, não satisfeitos em seu apetite conquistador, atravessaram o Estreito de Bhering, e do outro lado, a uma curta distância de 70 km, conquistaram o Alasca, sem nem saber por que e para que. O que fazer com tanto gelo?

Além disso a ilimitada sanha conquistadora motivou os Czares a conquistar também a Ucrânia, Odessa e a Península da Criméia, que antes pertencia aos tártaros, e depois aos turcos-otomanos.

       A Guerra da Criméia, de 1853, consumiu as reservas do tesouro czarista, obrigando a Rússia a vender para os Estados Unidos o território gelado do Alasca pela bagatela de 7,2 milhões de dólares, o equivalente hoje a 125 milhões.

       Uma pechincha.

       Contudo essa compra foi pesadamente criticada nos EUA. Não fazia nenhum sentido comprar uma extensa área coberta de gelo, imprópria para qualquer atividade econômica, na opinião geral. Era o Império americano expandindo-se para o norte, sem saber por que nem para que.

       Qual não foi a surpresa americana e o desgosto russo quando o ouro foi descoberto no Alasca. Começou aí a frenética Corrida do Ouro, The Gold Rush, Charles Chaplin.

       E muito mais riquezas naturais vêm sendo descobertas debaixo de todo aquele gelo.

       O mundo dá muitas voltas.

       A Rússia perdeu a Ucrânia, Odessa e a Criméia.

       Em 2014 o Império Russo voltou à carga e re-ocupou a Criméia. Ocupou também o Leste da Ucrânia, não desiste de Odessa e ainda pretende conquistar a Ucrânia inteira, no afã de expandir seu território que já é o mais extenso do mundo.

       Os Impérios são grandes, mas o mundo é pequeno.

       Justamente no Alasca reúnem-se os dois poderosos Presidentes, o americano, dono do maior império industrial-militar de todos os tempos, e o russo , dono  da rica maior extensão territorial da atualidade.

       Os dois poderosos ali se encontram para negociar a paz na humilde Ucrânia, que estava quietinha lá no seu canto, sem incomodar ninguém, produzindo cereais para o mundo em suas preciosas Terras Pretas, e agora acenando para todos com as cobiçadas Terras Raras, indispensáveis para a eletrônica e para a tecnologia da informação. Isso num mundo carregado de desinformação.

         Ironias do destino.

       

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