O LAMARCKISMO




       Hoje em dia, quando se fala de "evolução", imediatamente vem à nossa mente a figura de Charles Darwin, que viajou pelo mundo pesquisando, criteriosamente, "A Origem das Espécies." Esse é o título de seu livro, onde ele expõe suas descobertas e suas conclusões teóricas.

       Antes de Darwin, ninguèm,na verdade, havia jamais assumido a tarefa de explicar a evolução em bases científicas. Havia sim, por parte da Igreja Romana, conceitos dogmáticos de fundo religioso, que procuravam explicar a evolução a partir de uma ideologia teológica, sem qualquer fundamento científico. Os poucos cientistas que ousaram trilhar um caminho independente foram neutralizados pela Santa Inquisição.

       O mesmo destino teria cabido a Darwin, não fosse ele tão cauteloso a ponto de manter todos os seus escritos trancados a sete chaves, a salvo de serem descobertos por algum agente eclesiástico. Ninguém sabia nada de suas descobertas, a não ser ele próprio. Nem a sua mulher ele revelava seus segredos. Seguia a risca a sabedoria popular:  "Quem tem os seus segredos não conte a mulher casada. A mulher conta ao marido e o marido aos camaradas." Como bom  marido guardava seus segredos e permanecia meio na obscuridade. durante 20 anos. 

       Foi só então, em 1858, que um outro pesquisador, Alfred Russel Wallace,igualmente arguto,chegou às mesmas conclusões e se dispunha a publicá-las, sem temer a ira dos anglicanos.

       Isso motivou Darwin a correr na frente e publicar seu livro, em 1859, eclipsando Wallace.

       Hoje calcula-se que 99,7 % da comunidade científica mundial esposa as teorias evolucionistas darwinianas. fundamentadas no princípio da casualidade e da seleção natural.

       Esses dois pilares sustentam  o edifício teórico darwinista. Isso quer dizer que todo o processo evolutivo obedeceria ao mero acaso, não havendo nenhuma intervenção de hierarquias espirituais superiores na condução dos fenômenos. Segundo Darwin tudo acontecia  por acaso, prevalecendo a lei da selva, a vitória dos mais aptos sobre os menos aptos. Ou em outras palavras, os mais fortes vencem os mais fracos.

       Porém as observações científicas posteriores, mais acuradas, vieram a revelar aspectos que antes passavam despercebidos. Elas são hoje catalogadas como gritantes contradições da teoria darwinista. Não queremos com isso desmerecer a notável obra de Darwin., que ousou mexer nesse vespeiro teológico-ideológico que busca travar qualquer mudança. Wallace e Darwin, por fim não se intimidaram ante o poder do Arcebispo da Cantuária. Assim como Rudolf Steiner e a Ciência Espiritual Antroposófica, que lançam luzes sobre os fenômenos, até os mais corriqueiros, revelando para a Ciência Natural um mundo totalmente novo, pleno de sabedoria.

       Há 65 milhões de anos atrás os dinossauros foram extintos, não por que eles fossem os mais fracos. Pelo contrário, eram fortíssimos gigantes, fazendo exigências colossais para sua sobrevivência. Num momento de crise climática, abalos sísmicos, inundações, e carência de luz solar por excesso de poeira atmosférica, justamente os maiores, os mais fortes e os mais exigentes  foram os primeiros a perecer, providencialmente,  Os recursos da Natureza não seriam suficientes para sustentar uma proliferação de dinossauros. Eram grandes e poderosos demais. Portanto eles próprios determinaram a sua extinção.

       Do século XX fala-se que, em Hiroshima e Nagasaki, as baratas sobreviveram à hecatombe nuclear.

       Na evolução do reino vegetal houve um momento em que a alga, uma simples folha, mergulhada na água e absorvendo nutrientes exclusivamente via folha, no afã de superar as limitações do exíguo espaço aquático, estabeleceu uma simbiose com o fungo. Desse casamento cooperativo surgiu o  líquen, o primeiro vegetal a aventurar-se na conquista da terra firme, fora d'água. Assim começou a jornada evolutiva do reino vegetal terrestre, que continua até hoje, sabiamente conduzida pelas forças superiores, associadas  ao ser humano, dotado de livre arbítrio, atuando construtiva ou destrutivamente nos processos naturais. Cabe ao ser humano, consciente, livre e responsável, captar a "lógica" da  evolução e colaborar com ela, para o "prosseguimento dos mundos."

       A passagem da água para a terra  foi seguramente o mais importante salto na história da evolução Mas só foi possível graças à simbiose  alga-fungo. A cooperação pacífica e harmoniosa entre duas espécies viabilizou a transição do meio líquido para  o meio externo, aéreo-terroso, a terra firme. Não a luta e a vitória do mais forte e sim a associação simbiótica favoreceu o salto evolutivo.

       A evolução continua e surge então o musgo. de cor verde, apresentando os primeiros indícios de algo como uma raíz. São os rizóides, e transiçãosemelhantes a raízes, que já começam a liberar ácidos orgânicos, dissolver a rocha e formar solo. Um belo exemplo de autonomia. Através da raiz o vegetal  dissolve a rocha, mobiliza minerais e forma o  seu próprio solo. Emancipa-se da água e extrai, não de forma passiva, foliar, e sim de forma ativa, por esforço próprio, os nutrientes de que necessita.

       Além de rizóides, o musgo apresenta caulóides, um caule ainda primitivo, que já ensaia uma postura ereta no sentido da verticalidade, ao passo que o líquen é uma placa orientada para a horizontalidade. Já nos primeiros estágios da evolução vegetal manifesta-se a força de soerguimento, a superação da força de gravidade que puxa baixo, para o centro da Terra, em proveito da força de levidade que puxa para cima, na direção do Sol.

       O musgo contém ainda os filóides, folhas em seus primeiros estágios, de intensa cor verde, realizando vigorosa fotossíntese, bem diferente do fungo, descolorado, incapaz de fotossintetizar substâncias.

       Ao observar a caminhada do reino vegetal, da alga para o líquen para o musgo, o ser humano caminha junto e cresce, interiormente, assimilando a "lógica", oculta e manifesta, própria do processo evolutivo. Isso porque a evolução não é um processo casual, aleatório, fortuito, à mercê das circunstâncias eventuais. Não vigora aí o princípio da casualidade, da mera coincidência, e sim prevalece o conceito de intencionalidade. Todo o processo é "lógico", racional, intencional, obedecendo a desígnios previamente elaborados por hierarquias espirituais superiores, como por exemplo os Kyriotetes, também denominados "Espíritos da Sabedoria", responsáveis pela sábia lógica que rege todo o processo.

       Ao saltar da água para a terra o reino vegetal supera a dependência absoluta da água e desenvolve, paulatinamente, novas capacidades que o habilitam a, não apenas absorver passivamente os nutrientes via folha, e sim ganhar autonomia, emancipar-se e absorver nutrientes ativamente via solo e raíz, por iniciativa própria.      

       A esse processo damos o nome de "emancipação", assentada na simbiose, quer dizer, cooperação entre diferentes espécies.

       Os vegetais inferiores continuam sua marcha, em certa medida, emancipando-se mais e mais da dependência da água. Ao crescer o sistema radicular cresce também sua capacidade de dissolver a rocha, liberar minerais, formar solo e extrair do solo a sua nutrição. Surgem as avencas, as samambaias, os licopódios, os equisetos, etc.

       Os equisetos, ou as cavalinhas, nos fornecem um belo exemplo de caminhada evolutiva.

       Sua jornada começa em ambientes aquáticos, por exemplo o Equisetum fluviatile, prossegue para áreas pantanosas, é o Equisetum palustre e o giganteum.  Não pára aí, prossegue para os campos e pastagens, é o Equisetum pratense, o hiemale e  o arvense. "Arvus" significa "campo de cultivo". Existe também o Equisetum sylvaticum, próprio de áreas florestadas e o umbrosum, adaptado à sombra, em parte emancipado até da luz solar. O nome popular do Equisetum é "cavalinha". "Equus" significa cavalo. A planta lembra um rabo de cavalo. A cavalinha é um vegetal de transição,  meio mineral, rico em  silício, o elemento do cristal, o processador de luz. Porisso o chá de cavalinha favorece a atuação da luz, sendo indicado para prevenir e combater doenças fúngicas, próprias de ambientes sombreados e úmidos, carentes de luz.

       A lógica,  reinante nesses processos, é uma palavra derivada de "logos", palavra grega com três significados: 1) palavra, 2) discurso, 3) razão. Um conjunto de palavras conexas forma   um  discurso, racional, sensato.. Essa palavra logos aparece na primeira linha do Evangelho de João: "No princípio era o "logos", a palavra, o verbum criador." Algumas linhas abaixo ressurge o vocábulo na célebre frase: "O logos se fez carne e habitou entre nós." Quer dizer o Logos, o Cristo, está presente em tudo, em todos nós,  todos os dias, Ele transcristianiza todos os fenômenos da sábia Natureza.

       Acompanhando fenomenologicamente os mais variados processos, vemos destacar-se, gradativamente, o porte ereto, o crescimento orientado para o Sol, obedecendo à verticalidade. É o caso das sequoias gigantes, de até 100 metros de altura. A sequoia, assim como o pinheiro  e o cipreste,  cresce verticalmente para cima, buscando o Sol. Na parte subterrânea cresce verticalmente para baixo, em direção ao centro da Terra, um pólo de atração gravitacional.











































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































  

 












































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































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       Coube ao filósofo e cientista antroposófico Rudolf Steiner, no início do século passado, contestar a plena validade dessa teoria.


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