A RETALIAÇÂO
Retaliação é uma uma palavra muito repetida ns mìdia nestes últimos tempos.
É uma palavra forte, porém nada tem a ver com o verbo "talhar", que significa " cortar. Retaliar nao é retalhar.
Mesmo assim os efeitos deletérios causados pelo retaliador é algo horroroso.
A palavra "retaliação" deriva da Lei de Tälião, expressa no Antigo Testamento em Êxodo (21:24) e Levítico (24:20). Essa Lei jà existia em culturas mais antigas na Babilônia e na Assíria, e foi posteriormente incorporada pelos Hebreus no Antigo Testamento. bem como por Maomé no Alcorâo.
Portanto já temos aí pelo menos quatro culturas que adotaram esse princípio da compensaçao por crimes cometidos :"Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé."
Houve uma pessoa que ousou questionar a validade dessa Lei. Essa pessoa foi o Cristo Jesus. Essa é uma das razões por que o cristianismo representou a mais importante transformação jamais ocorrida na História Universal. Em palavras simples assim consta no Novo Testamento: "Vós ouvistes dizer: Olho por olho, dente por dente. Eu porém vos digo: Amai os vossos inimigos." ( Mt, 5:44 e Lucas 6:28).
"Amar o inimigo é um dos maiores, se não o maior desafio colocado para o ser humano. O trágico nessa história é que até mesmo as religiões ditas cristãs se regem também pelo mesmo princípio de Talião. A lógica da vingança é adotada em todo o mundo, sem contestação.
Em compensação as poucas pessoas que conseguiram e conseguem superar o instinto de vingança, essas pessoas são grandemente recompensadas, ao passo que o restante, adepto do retalianismo, condenam-se a um triste destino de viver em constante sobressalto, na expectativa de o seu adversário fazer o mesmo contra ele, a qualquer momento. A insegurança é total.
A esse respeito recomendo a leitura do excelente livro de Sergei Prokofief : "O significado oculto do perdão." Ali ele cita o exemplo de uma pessoa presa num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.
Era um advogado polonês, bem sucedido, poliglota, de origem judaica, que fora feito prisioneiro, juntamente com sua mulher e filhos.Toda sua família foi sumariamente eliminada, somente ele foi preservado para prestar serviços.
Ante a perda da família, naquele momento ele assumiu o compromisso consigo mesmo de amar toda e qualquer pessoa com quem viesse a ter algum contato, até o fim de sua vida.
Sob as mais severas condições próprias de um campo de concentração, essa pessoa mantinha sua saúde perfeita, sua disposição, e sua contínua dedicação na solução dos terríveis conflitos pessoais entre os internos de diferentes nacionalidades. Tudo em função do voto que ele fizera a si próprio, sem nenhuma coerção externa.
Sendo uma exceção entre milhares de prisioneiros, ele se destacava pelo brilho e pelo seu senso de humanidade.
Em nossos dias o que mais presenciamos a todo momento são atos de retaliação, cometidos de parte a parte, na Ucrânia, na Rússia, no Oriente Médio, nos cinco continentes e nos mares.
Num momento em que o poderoso império industrial-militar dos EUA entra em franco declínio, uma outra potência emerge do outro lado do mundo e já embarca na guerra tarifária e impõe taxas retaliatórias aos produtos americanos.
As tarifas impostas por Trump aos produtos importados representam um imposto a ser pago pelo contribuinte local. Essa é a miopia econômica de Trump e de seus bilionários auxiliares à sua volta.
O país exportador fornece o produto que atende necessidades do público consumidor. O exportador presta um serviço ao importador. A intenção de Trump é penalizar o exportador com um sentimento de vingança contra o país que lhe presta um serviço. Quem paga o imposto de importação é o cidadão que importa. O próprio Trump, quando calça um sapato importado, ou veste uma camiseta ou usa um boné vermelho made in China, é ele que paga o imposto.
Não é de admirar que essa absurda política tarifária parta de uma pessoa reconhecida por todos como um portador de nítidos traços de demência senil e burrice emocional.
De antemão todos os seus eleitores já conheciam a peça desde sua gestão anterior.
O mais absurdo de tudo nessa loucura tarifária é que os países exportadores simplesmente exportam seus produtos, sem sofrer nenhuma carga tributária adicional em seu próprio país.
Contudo, até mesmo nações de cultura milenar como a China, por exemplo, com 5000 anos de história e tradicional sabedoria oriental, também a China aplica a mesma Lei de Talião vigente no resto do mundo.
Também o Brasil, uma criança histórica de apenas 500 anos de idade, copia o milenar exemplo chinês e faz exatamente o contrário do que ensina o cristianismo e exatamente o contrário do que ensinava e praticava Mahatma Gandhi na Índia, sufocada pelo imperialismo inglês durante dois séculos.
Não obstante a miséria decorrente da exploração e da repressão pelos ingleses, mesmo assim Gandhi assumiu a liderança de seu povo, praticando o pacifismo civil, a não-violência, nutrindo-se frugalmente de vegetais e fazendo jejum, conduziu 360 milhões de indianos à liberdade.
Um outro exemplo é o de Nelson Mandela. Permaneceu encarcerado durante 27 anos num cubículo, em condições precárias, e ao ser libertado, não se vingou de seus algozes. Ocupou a liderança, libertou o seu povo dos horrores do apartheid, assumiu o governo por um mandato e transferiu o poder a seu sucessor, democraticamente eleito.
O contrário está acontecendo no Brasil. Ao invés de perdoar aqueles que não sabem o que fazem, nosso governo pretende impor as mesmas tarifas ao lamentável Trump, justamente o presidente mais prejudicado pelas tarifas que ele próprio se impõe, baseado em sua ignorância.
O lógico, segundo as leis da economia, é continuar exportando para os EUA, sem nenhum ônus para o Brasil, e deixar que os americanos paguem seus impostos a Trump. Simples assim.
"Quando um cego guia o outro, os dois caem no buraco."
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