"Canabis"

No próximo mês o STF, o Superior Tribunal Federal, a nossa Suprema Corte, volta a debater um tema delicadíssimo: a legalização da maconha, uma erva também conhecida como "Canabis".
Há 5000 anos essa erva vem sendo usada para vários fins, terapêuticos, religiosos e recreativos.
Como todo medicamento, também chamado droga, vendido em farmácias e drogarias, todo medicamento é ingerido segundo uma receita, onde o médico prescreve a dose exata para o respectivo tratamento, assim também qualquer erva medicinal só pode ser ingerida na dose certa. Qualquer princípio ativo, natural ou industrial, atua curativamente quando consumido na dosagem certa. Não é tóxico. O que diferencia um veneno de um remédio é a dose. Qualquer substância venenosa torna-se medicamentosa quando adequadamente processada e consumida na medida exata. O veneno de cobra é a matéria prima de um medicamento chamado "LACCHESIS", quando manipulado e dinamizado homeopaticamente. O mesmo veneno de cobra, mortal, é usado para produzir o soro antiofídico. O veneno de escorpião é processado para tornar-se "soro antiescorpiônico" e salvar vidas. As diversas vacinas são produzidas a partir do respectivo agente patogênico. O patógeno, farmacologicamente manipulado, imuniza o organismo contra ele mesmo.
Poderíamos generalizar que a Natureza não produz venenos, produz remédios.
Neste sentido justifica-se plenamente o uso da erva medicinal "Canabis" para curar doenças, quando se tomam todas as precauções inerentes a qualquer fármaco.
O assunto começa a se complicar quando o uso da erva extrapola os limites da medicina e passa a ser recreativo e religioso. É a porta de entrada para a dependência química, também denominada "adicção"
É o uso contínuo, não para tratar algum distúrbio eventual, mas apenas para o deleite pessoal ou para experiências místicas ou como parte integrante de um ritual visando expandir a percepção ou elevar-se a estados superiores de consciência.
Quando o uso é social-recreativo o torpor gerado pela química da erva favorece o relacionamento e a formação de grupos, padronizados segundo um modelo. A individualidade é amortecida, o que facilita a fuga da realidade quotidiana. Passado o efeito entorpecente a realidade volta com toda sua crueza. O uso esporádico torna-se habitual e vicioso, consumando-se a adicção ou dependência química.
O uso religioso também é questionável. No século XXl, nos tempos modernos, é saudável exercitar a religiosidade, ou seja a veneração do sublime, num estado de plena sobriedade e lucidez. Qualquer artifício químico mascara a legítima vivência mística, está sim emancipada de agentes naturais ou artificiais, estupefacientes. O êxtase apenas abstrai a pessoa momentâneamente da realidade. Uma vez dissipada a ilusória quimera logo a verdade se impõe, inexorável.
Tais práticas ancestrais perdem sua validade nos tempos atuais quando o ser humano é continuamente desafiado a assumir e cumprir compromissos, em plena posse de suas faculdades mentais.
O homem inebriado não responde por si. Pelo contrário, abre mão de sua individualidade e de sua liberdade.A vontade, o querer, enfraquecido, inibe a ação livre e construtiva.
Independente do debate jurídico e da legislação em vigor cada indivíduo deve hoje estar apto a decidir e arcar com as consequências de sua decisão.
É a modernidade.

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