Continuidade
Já em torno de 1500 o Czar Ivan III, não o Terrível, que seria o Ivan IV, mas o antecessor, o Ivan III, apresentava-se não como o Czar da Rússia, e sim o
"Czar de Todas as Rússias."
Todas as Rússias continuaram expandindo-se com Ivan, o Terrível, e os demais sucessores.
Primeiro com o ilegítimo Boris Godunob, lembrado pela obra de Pushkin e pela notável peça operística de Mussorgsky.
Em 1612 assumiu o trono o Czar Mikhail, o primeiro da dinastia Romanov, que permaneceria absoluta durante 305 anos, até cair em 1917, substituída então pela nova linhagem revolucionária.
A Pedro, o Grande, que reinou de 1682 a 1725, deve-se o nascimento da Rússia moderna. Promoveu o progresso, fez novas conquistas territoriais, transformando o Império Russo na maior potência do norte da Europa.
Não obstante o povo, oprimido, revoltava-se.
Mas o poder czarista se mantinha, expandindo-se e oprimindo.
Em 1762 o Czar Pedro III foi destronado por sua própria mulher, a Czarina Catarina II, a Grande.
O Império continuou crescendo com a anexação da Criméia, conquistada na Primeira Guerra contra os turcos.
Na Segunda Guerra Russo-turca a Czarina ganhou o Cáucaso e a Geórgia.
Em 1784 colonizadores russos conquistaram o Alasca, em território americano.
O filho da Catarina, Paulo I cometeu a imprudência de querer amenizar o sofrimento do povo escravizado. Foi estrangulado pelos nobres, subindo ao trono o Czar Alexandre I (1801-1825).
Em 1812 foi a vez de Napoleão, o glorioso corso, Imperador da França, cometer o seu grave erro: invadir a Rússia com o propósito de anexar ao seu Império Francês o imenso Império Russo. Sonhou alto.
Seriam dois grandes impérios unidos sob o poderoso Napoleão, por ironia filho da Revolução Francesa, cruelmente anti-monárquica.
Nessa guerra franco-russa o Czar nem precisou lutar. Ficou quietinho em seu palácio em São Petersburgo e usou a sua arma mais poderosa, o inverno. Deixou os franceses invadirem, até Moscou, enquanto o tempo estava ameno, no outono.
Foi só uma questão de tempo.
Chegou o inverno, rigorosíssimo, e botou os franceses para correr, junto com seu imperador, invencível até então.
A tropa bateu em retirada, e a duras penas chegou em Paris, com apenas 10% de sobreviventes.
Foi o começo do fim da era napoleônica.
Enquanto isso o Império Russo continuava a expandir-se.
Alexandre I anexou a Polônia Central e Oriental, e na Terceira Guerra Russo-turca ganhou os principados do Danúbio, a Sérvia e a Bessarábia.
E assim o Império Russo consolidou-se como o maior império europeu, o Império de Todas as Rússias, sempre reforçando a opressão aos pobres súditos.
Contudo uma lenta resistência fazia-se sentir entre os oprimidos, obrigando o Czar Alexandre II a abolir a escravidão em 1861.
Foi assassinado, e as rebeliões continuaram, mais fortes, culminando com a deposição do último membro da dinastia Romanov, o Czar Nicolau II em 1917, no âmbito da Revolução Russa, soviética, comandada energicamente por Lênin e seus camaradas, inclusive Stalin, cuja proposta era, a ferro e fogo, pôr fim à opressão czarista.
Ledo engano.
A nova classe estabeleceu-se no poder e o novo tirano assumiu Todas as Rússias, com um nome diferente: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS.
Obedecendo à onda do momento implantou-se na URSS um fascismo soviético, que levou ao sacrifício 30 milhões de pessoas, em nome da justiça social. Duas vezes mais que o ítalo-germânico.
Mas nada está errado. Tudo está certo.
A História é sábia e soube criar as condições para o Reich ítalo-nipônico-germânico destruir-se em 1945, e o soviético desfazer-se,
espontaneamente, em 1990.
Como peças de dominó uma a uma foram caindo as 15 repúblicas anexadas ao império soviético.
Sobrou a Rússia, que pouco tempo depois, sob o domínio do atual czar Vladimir, esforça-se por continuar a velha política.
Vladimir não é nobre. Porém como um super dotado, foi selecionado para integrar a famosa KGB, o temido Serviço Secreto daquela época. Naturalmente condicionado pela doutrinação ideológica, incorporou os ideais marxistas da revolução mundial.
Com a queda do Muro de Berlim em 1989 e a consequente dissolução do Império Russo, restou a Putin apenas lamentar amargamente o desaparecimento da URSS, como sendo o fato mais deplorável do séc. XX.
E agora no poder há 20 anos, esforça-se por reconstituir o que fora desfeito. Já anexou a Criméia e agora ameaça anexar toda a Ucrânia, previsto para o próximo mês.
A última pergunta é:
Quando é que a Rússia terá superado definitivamente o czarismo?
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