O fenômeno PT


Lancemos aqui um olhar abrangente para entendermos por que chegamos ou por que deixamos chegar a este ponto em que nos encontramos  em nosso país.
Consideremos aqui uma parcela da sociedade satisfeita, acomodada, avessa a mudanças, conformada com a situação vigente.
Por outro lado um setor da população, ao contrário, inconforma-se com o "status quo" e age para mudar.
Essa parcela,inconformada, expoe-se a muitos equívocos, na sincera busca por soluções. As opções se apresentam e cada um faz a sua escolha.
Na década de 60 uma alternativa para resolver os problemas sociais era a linha marxista, socialista, comunista, esquerdista, termos sinônimos que abrangiam as pessoas revolucionárias, dispostas a lutar para resolver de uma vez por todas a questão social.  Seria a solução salvadora. Tais pessoas se organizavam, inspiradas no marxismo convencional: " O homem é produto do meio."
Significa: Transforme o meio e o meio transformará o homem.
Partindo dessa premissa, em princípio falsa, os revolucionários concentraram esforços no sentido de, pela luta armada, criar um ambiente favorável para implantar a "ditadura do proletariado".
Apoiados pela União Soviética via Cuba, treinados nas técnicas de guerrilha, avançavam para fazer a revolução nacional, que se estenderia para a "revolução mundial", bem no estilo preconizado por Karl Marx.
Interessante notar que não apenas pessoas do povo aderiram a essa campanha, como também certos políticos oportunistas, de projeção nacional, como por exemplo João Goulart e Leonel Brizola. Aí mora o paradoxo. Eram latifundiários que adquiriam suas fazendas, não no Brasil, e sim no exterior, longe dos brasileiros, a quem eles se apresentavam como representantes da esquerda, socialista, contrária ao grande latifúndio. Praticavam o farisaismo político.
Tudo passava despercebido para a massa de manobra ideologizada, entorpecida a ponto de não ver a realidade patente a seus olhos.
A intervenção militar de 31/03/1964 impôs um freio a essas pretensões, preservando a sociedade da iminente cubanização ou sovietização que a ameaçava.
Os persistentes guerrilheiros prosseguiam com a luta para , a ferro e fogo, derrubar a "ditadura militar" e em seu lugar impor a "ditadura do proletariado". Substituir uma pela outra.
Era uma espécie de guerra civil, desigual. Eram guerrilheiros civis amadores contra profissionais militares. Venceram os últimos, deixando derrotada uma leva de revolucionários, revoltosos, revoltados, frustrados em suas pretensões.
E assim, após 21 anos de arbítrio, o poder foi devolvido aos civis em 1985. Venceu o movimento "diretas já". do qual participou também Brizola.
E os guerrilheiros, como estavam?
Estavam desiludidos, perdidos, desempoderados.
Surge então no cenário uma figura providencial, para eles: um líder sindical, carismático, rude, de baixa escolaridade, de nome Luiz Inácio da Silva.
Este, não satisfeito com o status de líder proletário de projeção internacional, decidiu voar mais alto.
 Não tinha embasamento cultural, mas tinha carisma. Fazendo-se de vítima, migrante nordestino, de mãe analfabeta, foi de súbito, de líder sindical, alçado ao patamar de líder político. E como tal enganou a muitos. E pude eu próprio ser um deles. Compareci pessoalmente ao  evento em São Paulo, no final da década de 70,  promovido para fazer o lançamento público de um novo partido de trabalhadores. E de fato em janeiro de 1980, foi oficialmente fundado o PT, sob a liderança do agora mais conhecido como Lula.
Era a grande oportunidade esperada pelos antigos revolucionários.
Assim constituiu-se o primeiro núcleo de membros do PT composto de três segmentos:
1)os trabalhadores, operários, proletários.
2)os guerrilheiros
3) intelectuais e artistas.
Lula usou o seu prestígio e outros usaram o Lula para tomar o poder por vias democráticas, pacíficas. 
Após várias tentativas eleitorais, finalmente a "classe operária" chega ao paraíso, o Planalto Central, Brasília.
Grande era a  expectativa naquele momento. Finalmente ocuparia o poder um grupo honesto, bem intencionado, comprometido com o país.
A ilusão durou pouco. A metamorfose foi imediata. No curto período entre a eleição de outubro e a posse em janeiro delineou-se o futuro que nos aguardava nos anos seguintes.
Começando pela equipe:
1) José de Alencar, mega empresário.
2) Roberto Rodrigues, líder ruralista
3)Henrique Meireles ,.ex-banqueiro americano
Logo após a posse: 
1)aprovação dos transgênicos.
2) Contratação de Marcos Valério para operar o mensalão
3) Aliança com banqueiros, montadores, empreiteiros e representantes da direita.
E deu no que deu.
Criaram-se as condições ideais para que a extrema direita se arvorasse como a salvadora, para "acabar com tudo o que está aí".
Cumpriu sua missão.
Destronou o PT.
Resta agora o próximo passo: varrer o nazifascismo e deixar prevalecer a sensatez.

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