Xamanismo

Xamanismo é uma religião praticada na Sibéria, Ásia Central e entre os índios das Américas. O xamã, palavra da língua tungus, é o invocador de espíritos, o qual, conforme a crença, entra em comunicação com demônios ou almas de falecidos. Segundo seus adeptos o xamã envia sua alma aos espíritos ou é por eles possuído. Com base em seus poderes ele poderia curar os doentes, afastar desgraças e fazer chover.
Segundo Francesco Cutrera, antropólogo italiano de Siena, com quem trabalhei diretamente num projeto, o xamanismo também passou por uma transformação ao longo do tempo.
Podemos aí reconhecer duas fases, a original e a atual.
Na Sibéria os xamânicos viviam sob condições extremamente inóspitas, suportando invernos rigorosos de até 60°C negativos. A adversidade fez com que desenvolvessem habilidades excepcionais , muito próprias dos siberianos, mongóis e tártaros.
Nem todos permaneceram em suas terras de origem. Alguns migraram lentamente em direção ao norte, alcançando o Estreito de Bering, um lugar especial  onde a Ásia e a América se aproximam a uma distância de apenas 75 km. Os migrantes atravessaram o Estreito e iniciaram a ocupação do atual Alaska, Canadá, EUA, América Central e do Sul. Em suma, povoaram todo o continente americano e são denominados "índios".
À medida em que foram gradativamente migrando do norte para o sul foram encontrando condições cada vez mais favoráveis para a sobrevivência, condições bem diferentes daquelas reinantes em seu habitat original siberiano. Na Sibéria eram a taiga, a tundra, as estepes e o rigoroso inverno. Nas Américas encontraram florestas exuberantes, rios piscosos, flora e fauna numerosa e diversificada, caça e pesca abundantes, clima ameno.
Tudo extraordináriamente facilitado. Tudo favorecia a indolência e acomodação. Não se exigia mais o esforço de superação, a virtude que seus ancestrais haviam desenvolvido ao máximo,  premidos pelas circunstâncias locais adversas.
O índio americano foi vítima da excessiva facilidade.
Ademais ele encontrou nas florestas tropicais, em cipós e folhas, princípios ativos medicinais e alucinógenos que ele introduziu em seus rituais religiosos, e que seus ancestrais não conheciam na origem. Antes eram valorosos guerreiros, até cruéis conquistadores, como por exemplo Gengis Khan e seus descendentes, que chegaram a dominar quase toda a Russia.
Os novos rituais xamânicos também contribuíram para a degeneração e o enfraquecimento biológico, como está hoje demonstrado pela ciência médica psiquiátrica. Cada nova dose destrói neurônios, deixando sequelas irreversíveis. O entorpecimento produzido pela droga induz à inação e à paralisia, física e psicológica. O índio permaneceu estacionário, vivendo comodamente do extrativismo, daquilo que a pródiga Natureza lhe fornecia em quantidade.
Um terceiro fator decisivo para a decadência biológica e cultural foi, e ainda é, a consanguinidade. Organizados em tribos,  o comportamento é necessariamente tribal. O tribalismo favorece o desenvolvimento do eu grupal, em detrimento do eu individual, portanto na contramão da evolução normal orientada para o fortalecimento do indivíduo, evidentemente integrado ao social.
Pelo isolamento as tribos foram submetidas a intensa endogamia, ou seja nenhuma miscigenação, nenhuma diversidade étnica e cultural, por séculos. Prevalecia a uniformidade genética, criando um frágil quadro de vulnerabilidade a fatores externos, como se evidencia em situações de pandemia.
Após a descoberta de Cristovão Colombo, pelo contato com o branco, o negro, o amarelo etc., aí o " pele vermelha" chocou-se com outras etnias e iniciou-se um lento processo de aculturação, de assimilação, consequentemente de diferenciação genética, a garantia de sobrevivência de qualquer população.
Biodiversidade é pré-requisito para a sustentabilidade de um ecossistema. É assim no reino vegetal e animal.
No reino humano não é diferente.
Com esse tema abrimos um leque imenso para futuros debates.
Em conjunto vamos criar o espaço propício para os necessários desdobramentos.


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