NUTRIÇÃO

No processo nutricional a ingestão precede a digestão.
O prefixo "in" indica movimento para dentro. "Dis" indica dispersão, dissolução.
A digestão é um processo de lise, em grego "lysis", termo derivado de "lyein", ,soltar, solver, decompor. Lysis é o contrário de synthesis.
Para visualizar todo o processo recuamos até chegarmos ao reino vegetal, à síntese de luz, à fotossíntese, à síntese de carboidratos catalisada pela luz solar. Assim entendemos a ação do preparado da luz, o 501, o chifre -sílica. É o preparado que aperfeiçoa o processo de síntese de carboidratos e, por extensão, a síntese de proteínas, a proteossíntese. O carboidrato compõe -se de CHO. A proteína é CHO+N+S ou P. Uma boa fotossíntese é pré - requisito para uma boa proteossíntese e, consequentemente, melhor valor nutritivo e imunidade a patógenos no vegetal.
Também Herbert Koepf, em "Agricultura Biodinâmica", pág. 282, compartilha a idéia de que a proteossíntese é um processo de luz. Ele afirma textualmente: "A síntese da proteína depende sobretudo da capacidade de a planta interagir com a luz." No original consta:."Der Proteinaufbau ist vor allem abhängig von der Fähigkeit der Pflanze, mit dem Licht umzugehen." Já nos ensinava Ana Maria Primavesi: planta saudável é a planta que sintetiza bem as suas substâncias.
Logo planta doente é a que não sintetiza bem e abre sua guarda para os predadores.
No Curso Agrícola de 1924 Steiner esclarece que uma função dos preparados é ajudar a compor a molécula, a juntar os elementos. 
Assim o autor se expressa na página 128 do C.A. : "Assim nós damos ao milefólio a possibilidade de aumentar consideravelmente as forças que ele já possui de combinar o enxofre com as outras substâncias."
Logo abaixo Steiner continua, com referência ao preparado de camomila: "...deve-se tratar de tornar o adubo igualmente capaz de ligar ainda mais entre si aqueles elementos necessários à vegetação: além do potássio, também o cálcio e as combinações calcárias."
Chaboussou, em sua "Teoria da Trofobiose", pág. 154 sq, confirma esse argumento quando trata do papel do potássio e do cálcio no metabolismo e na imunidade da planta.
Chaboussou diverge da biodinâmica ao recomendar o aporte de potássio e cálcio de modo que atuem em nível elementar, na superfície.
A biodinâmica recomenda os preparados de milefólio e de camomila para capacitar o composto a trabalhar adequadamente o K e o Ca de modo homeopático, na profundidade.
O matuto, mesmo o iletrado, também recomenda o potássio e oligoelementos, quando diz: "A cinza tira muita doença da planta."
A planta saudável, imune e solidamente constituída, vai para a mesa do consumidor, para ser ingerida e digerida.
Se a síntese foi bem realizada, a lise também o será.
 Deverá ser adequadamente dinamizada primeiro por cozimento e/ou trituração, e por ação enzimática da amilase, das enzimas digestivas, do suco gástrico, suco entérico, suco pancreático, bile. Em todo o trato digestivo a quebra de moléculas propicia a liberação de forças. Só agora o alimento, digerido, será absorvido pelas finíssimas vilosidades intestinais e incorporado ao sangue.
Contudo apenas uma fração, um extrato, uma essência será absorvida e posteriormente assimilada. O restante, em sua maior parte, é eliminada pelo intestino grosso.
Ressalte-se aqui que a expressão "maior parte" é repetida quatro vezes na pág. 88 do C.A., em diferentes contextos.
O alimento é absorvido e assimilado. "Similis" significa "semelhante". A substância estranha, ingerida, precisa ser "assemelhada", transformada no igual ao corpo que a recebe.
O indivíduo constrói sua proteína individual. Se lhe for implantado um órgão estranho, certamente será rejeitado.
O C.A. acrescenta ainda que as forças sutis contidas no alimento se liberam e habilitam o organismo a captar os nutrientes sutis presentes à sua volta, no ambiente.
E assim forma-se massa muscular e massa óssea, em suma massa corporal.
A botânica nos decifra esse enigma.
Plantas epífitas não são parasitas. Não extraem nutrientes de seu hospedeiro.
Assim se comportam as bromélias e as orquídeas.
Vivem da atmosfera.
E plantas aéreas, como a Tillandsia usneoides, o Spanish moss, nascem, crescem e vivem até em condutores elétricos, eletrificados ou não, e não 
extraem nem alumínio nem cobre dos fios hospedeiros.
Remeto o leitor ao fenomenal livro "Die Fruchtbarkeit der Erde", " La fécondité de la terre", de 
Ehrenfried Pfeiffer, o primeiro a elaborar os preparados biodinâmicos no Goetheanum, Dornach, Suiça, sob orientação direta de seu mestre.
Destaco aqui o capítulo "Propriedades dinâmicas da vida vegetal", onde o tema Tillandsia é abordado.
O que parecia tão enigmático, pouco a pouco vem à luz do dia.
" Entre o céu e a terra existe algo mais..." Shakespeare.

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