O MONETARISMO

  

       A palavra "moeda" deriva de "moneta", por desnasalização do fonema nasal intervocálico e sonorização do "t"  surdo.

       O que era então a "moneta" original? 

       Antes da moneta as mercadorias eram trocadas umas pelas outras. Com a crescente complexidade das trocas surgiu a necessidade de criar um meio de pagamento comum a todos. Criou-se a moneta, a princípio metálica, o ouro e a prata, metais nobres. Ainda hoje usa-se no mundo hispânico o termo "plata" para designr  "dinheiro". No Brasil usava-se o termo "cobres", no plural. As dívidas eram, e ainda são "cobradas."

       A complexidade crescente fez surgir  a "nota", ou o "papel-moeda". Em seguida o "cheque", depois o "cartão". Cada novidade tende a substituir a novidade anterior. Eu mesmo nem me lembro mais quando eu manuseei uma nota de real. O "real" torna-se cada vez mais "virtual". O concreto cede lugar ao abstrato.

       Mas o homem, para viver encarnado num corpo físico, precisa de concretude, para abrigar-se, agasalhar-se e alimentar-se. E divertir-se.

 Porém o abstracionismo monetário toma conta também dos economistas que, em seus cálculos, lidam com cifras virtuais. É a moeda escritural que só existe no papel. Daí a corrente econômica chamada "monetarismo", que opera com abstrações numéricas e não com concreções matéricas. A casa onde eu moro foi construída com concreto, armado e protendido. Em Portugal, concreto armado e pré-tendido. A engenharia civil não constrói com tijolos vagos. Cimenta-os com massa.

       

       No Brasil Delfim Neto, professor, economista, foi alçado ao posto de Ministro da Agricultura, para a salvação da lavoura. Sua primeira exigência no cargo foi: "Números, números". Não durou muito.

       Até na Rússia um emérito professor de economia foi elevado ao patamar de Ministro da Defesa, para salvar as Forças Armadas, embora ele não entenda nada, nem de Armas, nem de Defesa, nem de Ataque.

       Delfim também entendia muito de números. A lavoura não se salvou. Os números do IBGE não mentem. 33 milhões de brasileiros são sub-alimentados.

       Para o economista "Exportar é o que importa" (cit. Prof. Delfim Neto). Exportar para a China, país super-desenvolvido.

       Entra governo sai governo, mudam as cores. Os monetaristas continuam no poder, manipulando dados e juros para  combater a inflação. É puro calculismo fantasmagórico.

       O cálculo é perfeito: juros mais altos, menos crédito, menos investimento, menos produção, menos consumo, menos progresso, menos satisfação= menos inflação. Menos oposição.

       Segundo eles esta equação não falha. 

       Os juros já beiram os 15%, sem teto para contê-los. Conter o consumo é o que importa.

       Acontece que o consumo é a viga mestra do modelo. Vivemos na sociedade do consumo. O próprio governo aumenta os seus gastos e implora austeridade para os outros.

       Recordo-me daquele velho ditado popular:

                                             " O ARGUMENTO CONVENCE.

                                                O EXEMPLO ARRASTA."

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