A RECONSTRUÇÃO

        Essa palavra sempre ressurge quando uma sociedade, atingida num período anterior, propõe-se reconstituir um estado arruinado. É a hora de reconstruir em cima dos escombros do passado.

       Uma iniciativa louvável, em diferentes contextos. Foi o caso da Europa no pós-guerra, o Plano Marshal, o "Wiederaufbau" na Alemanha.

       Também na Rússia, o Império Socialista, herdeiro do Império Russo Czarista, tentou reerguer-se, nunca conseguindo firmar-se verdadeiramente.

       Propunha-se construir uma sociedade igualitária nos moldes marxistas, após séculos de repressão czarista, e promover a Revolução Mundial.  Um determinismo histórico levaria, não apenas algumas poucas Repúblicas Soviéticas, mas o mundo inteiro ao socialismo universal: Ä Sociedade sem Classes.¨

       Em seu nome os mais horrendos crimes foram cometidos, contra o próprio povo.

       "A bem da justiça social."

       Quem acompanhou de perto todas essas atrocidades foi Khruschov, o braço direito de Stalin.

       Uma vez no poder Kruschov denunciou publicamente os crimes de Stalin, dos quais ele era testemunha ocular.

       Não obstante, em 1962, fiel ao ditame marxista da Revolução Mundial, decidiu apoiar o regime de Fidel Castro e instalou mísseis em Cuba, apontados para Washington/.

       Foi o momento mais tenso da chamada "Guerra Fria"

       Felizmente, usando do bom senso, cedendo à forte pressão americana, Khruschov retirou os mísseis de Cuba,  voltou para casa,  foi deposto pelo Partido e condenado à prisâo domiciliar por falta de coragem.

       A ele sucederam-se outros dirigentes, mais radicais, O declínio soviético progredia continuamente, 

       O povo continuava vivendo em condições precárias. Todo o esforço econômico era dirigido à indústria bélica, à industria espacial e ao esporte, com vistas a afirmar-se internacionalmente.

       Por fim os novos dirigentes, convictos da ideiologia, decidiram apoiar o regime do Afeganistâo. Foram dez anos de luta inglória por uma causa perdida. Foi o começo do fim.

       Justamente nesse período, de 1979 a 1989, assume o poder um verdadeiro estadista patriótico, Gorbachov. Ele via o que todos viam, os não infectados pelo vírus ideológico: a falência iminente do regime soviético.

       E propôs-se  reformulá-lo, como última saída para a crise, agora mais aguda do que nunca.

       Propôs uma nova política intitulada "perestroika", a reconstrução., associada à "glasnosth", a transparência.

       Reconstrução e transparência eram dois palavrões para os ideólogos do Partido.

       Gorbachov foi derrotado e obrigado a renunciar, decretando o colapso do regime. em 1991.

       Nove anos depois, na virada do século, sobe ao poder um novo autocrata, chamado Putin, disposto a ressuscitar a falecida União Soviética. Era também uma espécie de "reconstrução", num sentido diferente. Fez tudo para reabilitar Stalin e seus métodos.

       Para ganhar prestígio popular Putin empreendeu pequenas guerras contra inimigos fracos: Chechênia, Geórgia, Moldávia, Criméia, Donbass e por fim aventurou-se a conquistar a Ucrânia numa Operação Militar que duraria três dias.

       A guerra já se arrasta em seu quarto ano.

       Putin já conseguiu o que pretendia: reconstituir o antigo Estado calamitoso da União Soviética, preparando o terreno para a falência definitiva da "Nova Rossia", segundo seus novos ideólogos, repetidores dos  velhos ideais czaristas e soviéticos, o Imperialismo Mundial.

       A História é sábia.

       Qualquer projeto no sentido  de reconstituir um antigo modelo ultrapassado estará fadado ao fracasso.

       Doa a quem doer.

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