OCIDENTALIZAÇÃO

 A geografia divide o Mundo em  4 pontos cardeais:norte, sul, leste, oeste. O Mundo foi ficando tetra-polarizado.

Há divisão e há rivalidade.

O Império Britânico instalou as 13 colônias originais na Costa Leste norte-americana. Em 1776 as 13 colônias se emanciparam do imperialismo britânico e puderam então livremente empreender a Marcha para o Oeste, conquistando terra e dizimando índio. Um ensaio de imperialismo.

Na Guerra Civil as colônias do norte, mais avançadas, vencem as do sul, mais rural e escravagista.

No confronto norte-sul o norte sai vitorioso.

O berço da civilização moderna está na Europa, no hemisfério norte, ocidental.

Percebemos aí duas formas de concentração: econômica e cultural.

Europa ocidental revela-se o centro do mundo.

Dali irradiam-se as influências para todas os demais polos, sul e leste.

Nem sempre foi assim, nem será assim para sempre. O espírito humano promove a evolução.

Tudo flui, nada é estático.

A tetra-polarização é desigual.

Neste momento a dinâmica histórica coloca o norte ocidental em evidência.

Comecemos pelo exemplo Rússia.

Durante séculos suas elites optaram pelo isolamento.

Até que, de repente, surge no cenário russo a providencial figura do Czar Pedro o Grande.

Foi o primeiro Czar a viajar para fora da Rússia, rumo à Europa Ocidental. 

Um ano depois voltou à Rússia, com novas idéias e novas pessoas, reassumiu o trono e implementou uma série de inovações.

Ocidentalizou a Rússia, conservando características próprias.

Transferiu a capital interiorizada em Moscou para a recem-construida Petersburgo, situada junto ao mar, voltada para o Ocidente.

São Petersburgo permaneceu capital por 200 anos.

Esse processo de abertura deveria continuar no século XX.

Aconteceu o contrário.

Durante 70 anos de ditadura soviética a política social-comunista retrocedeu ao passado. Fechou -se para o mundo. Isolou-se do Ocidente.

A antiga opressão czarista voltou mais forte, sob Lenin, e mais ainda sob Stalin.

Outros ditadores menos opressivos se sucederam, mantendo-se contudo o espírito de isolamento, o confronto leste-oeste, a Guerra Fria, a Cortina de Ferro e o Muro de Berlim.

Durante dois anos, de 1939 a 1941 Stalin ainda tentou aproximar-se do Ocidente. Porém escolheu o parceiro errado: a Alemanha nazista.

Neste contexto foi fechado o Pacto Germano-Soviético que vigorou até 21/06/1941.

No dia seguinte, 22 de junho , traiçoeiramente, Hitler invadiu a URSS e iniciou a Operação Barbarossa.

A inesperada invasão da URSS pela nazista Alemanha de Hitler em 1941, embora não desejada, na verdade ela foi providencial para todos. É a sabedoria da História. 

Várias foram as consequências positivas dessa invasão. Eis algumas:

1) Stalin rompeu definitivamente sua aliança com Hitler.

2) para a Alemanha nazista foi o começo do fim.

3) após 842 dias o Cerco de Leningrado chegou ao fim.

4) temporariamente Stalin abandonou o isolamento e dessa vez recorreu aos aliados certos, às potências militares do Ocidente, França, Inglaterra e sobretudo EUA.

Premido pelas circunstâncias Stalin foi obrigado a socorrer-se no Ocidente.

5) a derrota definitiva do nazifascismo ítalo-germânico-nipônico.

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Sem a Operação Barbarossa, o bloco russo socialista, com 200 milhões de habitantes e imensos recursos naturais, continuaria aliado ao bloco nazifascista alemão.

As duas potências, a soviética e a germânica, unidas, poderiam abalar até o Império Britânico e o Norteamericano, juntos.

Isso não aconteceu.

O Eixo foi derrotado, o Plano Marshal foi acionado, o Ocidente pôde respirar e reerguer-se.

Contudo Stalin demonstrou aí sua miopia estratégica.

Ao invés de continuar ligado ao Ocidente e  beneficiar-se do Plano Marshal, decidiu retroceder ao passado czarista,  anterior a Pedro o Grande.

Isolou-se do Ocidente. Fechou-se atrás da Cortina de Ferro, proibiu o livre trânsito nas fronteiras, continuou a opressão nos Gulags, e investiu pesadamente, não no bem-estar social da população e sim na Indústria Bélica e Espacial, para confrontar abertamente o Ocidente, justamente seu aliado que o ajudara a libertar-se do terror nazifascista.   

Entenda quem quiser.

Os hediondos crimes de Stalin foram publicamente denunciados por seu sucessor e ex- auxiliar Khrushov, testemunha ocular dos crimes cometidos contra o povo russo.

Pouco tempo depois Khrushov foi forçado a retirar-se do poder, pressionado pelas forças retrógradas que ainda prevaleciam no Kremlin.

Foram as mesmas forças que, 20 anos depois, impediram que Gorbatchov implantasse as medidas ocidentalizantes de abertura para o mundo.

A velha política estagnante persiste ainda hoje na figura do novo Czar Vladimir o Putin.

O novo ditador, ao invés de continuar aproximando-se do Ocidente, vendendo sua matéria prima pelo preço justo e investindo amplos recursos em benefício da população, não. Ele fez o contrário.

Cancelou os contratos com o Ocidente, passou a exportar para a China e para a Índia pela metade do preço, continuou investindo na indústria bélica, perseguiu os empresários oligarcas competentes, substituiu-os por funcionários da velha KGB, montou um esquema para apropriar-se dos lucros e investiu sua imensa fortuna acumulada pela corrupção, não no Mercado russo, e sim em paraísos fiscais ocidentais, e vendendo para o público interno a imagem de patriota, inimigo do Ocidente.

Acredita quem quiser.

A patologia de Putin manifesta-se por sua veneração a dois ídolos opostos. De um lado o Czar Pedro o Grande, que inaugurou a modernização e a ocidentalização da Rússia, de outro o Stalin, ferrenho adversário do mundo livre.

Como é possível a uma pessoa cultuar dois ídolos opostos?

Nem Freud explica.

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