CHINA
O milenar Império Chinês, sempre assombrado pelo fantasma da famina, desenvolveu um tal sentimento de superioridade que o colocou no centro do mundo. Era o Império do Meio.
Não obstante essas convicções a China representava até o século 20 um modelo de atraso.
Foi então que apareceu Mao -tse Dong e impôs ao povo um
cruel regime marx-socialista.
O país avançou pouco, associando violência e coletivização.
Incapaz de progredir no antigo regime maoista, seus sucessores, sabiamente, decidiram flexibilizar. Permitiram alguma propriedade particular local e abriram sua economia para grandes empresas ocidentais, acenando para elas com um grande mercado e mão -de-obra abundante e barata.
O país deu um salto partindo da primitiva economia agrária para um moderno parque industrial, graças aos massivos investimentos e às insuperáveis tecnologias ocidentais. A China seguindo o bom exemplo do Japão.
Dessa forma a China chega ao século 21 como a segunda maior potência mundial.
Diferentemente do Japão, que se mostra agradecido e aliado aos seus propulsores, a China, pelo contrário, investe contra seus mentores, e alia-se à Rússia, ambas tendo como meta arrasar a" depravada e decadente sociedade ocidental."
É como bem dizem os alemães:
"Undank ist der Welten-Lohn."
Ingratidão é a recompensa do mundo.
Apesar de todo o desprezo sino-russo pelos seus benfeitores, um detalhe chama a atenção.
A Rússia mantém 300 bilhões de dólares em reserva guardada em cofres norte -americanos.
A China tem muito mais: três trilhões de dólares entregues aos cuidados de Tio Sam.
Os dois citados países, agora unidos em amizade infinita, não guardam nem aplicam os seus lucros no próprio território, e sim confiam suas gordas poupanças ao inimigo, correndo o risco de que elas sejam confiscadas ou congeladas pelo seu próprio fiel depositário.
Esse é o calcanhar de Aquiles de duas nações, a empobrecida Rússia e a enriquecida China. Ambas dependem do exterior até para guardar seu dinheiro, pois não confiam no próprio colchão.
Tal como fazem os oligarcas, inclusive o oligarca -mor de Moscou.
Também do exterior chega a alta tecnologia. Os fornecedores de microchips para a China são Japão, Taiwan, Coréia do Sul, Estados Unidos e Alemanha. E ainda outros High -Tech-Products, sem os quais os sistemas não funcionam.
Tudo pende por um fio que termina no calcanhar.
A própria Rússia está dando uma preciosa lição à sua eterna amiga.
Mostra para ela o perigo de querer temerariamente exorbitar de seus limites. Paga um preço alto, em vidas e em ativos.
O mais grave é a crescente insegurança alimentar.
Até poucas décadas atrás a China se abastecia em 93,6%.
Agora o índice de auto-abastecimento caiu para 65,8.
Um terço do consumo é atendido por importações.
A sorte para os chineses é que nossos sucessivos governos apoiam incondicionalmente a exportação de minérios e de alimentos, ignorando solenemente os 33 milhões de nativos subnutridos.
Mudam os governos e mudam as cores, do verde -amarelo ao vermelho e vice-versa.
Parece mesmo que nada muda.
Nem aqui nem na China.
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