O OCULTO REVELADO

    



       No Novo Testamento, em Mateus 10:26 e Marcos 4:22, consta a célebre frase :"Nada há de oculto que não seja revelado."

       Todo conteúdo de Verdade, oculto, velado, encoberto pelo desconhecimento, tende a ser gradativamente desvelado,  revelado, descoberto e trazido à luz do dia. O oculto desconhecido torna-se manifesto  conhecido. 

       Uma pessoa que pensava assim também era Goethe. Ele cunhou a expressão "Das offenbare Geheimnis", " O Mistério Revelado." Quer dizer : o oculto visível.

       O véu, o "velum", que  vela, oculta e encobre os fatos, tende a ser removido e o verdadeiro fica exposto. A Verdade, antes oculta, fica accessível  a qualquer pessoa, contanto que esteja identificada com a Veracidade.

       Se a pessoa não está sintonizada nesse nível, se é adepta da inverdade, do falso, do fictício e do fantasioso, ela não terá acesso à verdade dos fatos. Ela continuará alienada, alheia às ocorrências à sua volta.

       Um exemplo de alienação é o do fanático. Ele vê e diz que não vê, recusa-se a ver. Ele não ousa aproximar-se ou adentrar o espaço de realidade que se lhe apresenta.

       A revelação do oculto ficou claramente ilustrada no momento em que a cortina do Templo em Jerusalém rompeu-se de cima abaixo.

       Às três horas da tarde, numa sexta-feira, em Jerusalém, no momento exato em que Jesus morre e consuma-se a crucificação, naquele exato momento , no Templo, rompe-se a cortina que velava o Santíssimo, o Santo dos Santos, ocultado naquele espaço que antes abrigava a Arca da Aliança, a Sacra Aliança  mantida por séculos, desde os tempos de Abraão e Moisés, entre o Povo Eleito e o  Senhor. 

       O conteúdo da Arca incluía as duas Tábuas da Lei, os Dez Mandamentos, além de outras leis e rituais, bem como instruções preparatórias para o advento do Messias, o Cristo Salvador, o cerne da fé judaica.

       A Arca em si desaparecera quando da invasão da Terra Santa e da destruição do Primeiro Templo de Salomâo, por parte de Nabucodonosor, Imperador da Babilônia, no ano 586 a. C.  O Povo  Hebreu foi então levado para o Cativeiro da Babilônia, vindo a sofrer  cruel  perseguição.

       Providencialmente, em 539 a.C.,  Ciro, o Imperador da Pérsia, atual Irâ, invadiu, destroçou o Império Babilônico e,   o mais importante, Ciro, embora pagão, promoveu o retorno do Povo Eleito à Terra Santa, devolveu os tesouros roubados por Nabucodonosor, e ainda apoiou a reconstrução do Novo  Templo,  obra executada por Sorobabel.

       Ironia da História é que hoje, os descendentes de Ciro e seu povo, estão sendo pesadamente combatidos no Irã,  por Netaniahu e por sionistas,   descendentes hebreus do Povo Eleito.

       No Segundo Templo  Sorobabel incluíu  o pequeno espaço sagrado, equivalente ao Tabernáculo, para abrigar o Santíssimo, permanentemente velado por uma cortina, com acesso proibido a todos os adeptos. Sómente o Sumo Sacerdote tinha a permissão de entrar naquele local, uma vez por ano, por ocasião da Festa do Perdâo.

       É uma característica básica do Antigo: o Conhecimento era reservadp a poucas pessoas, ou a uma única  pessoa privilegiada,  com sérias restrições.

       Graças à vigorosa reação da Natureza, aos abalos sísmicos, aos fortes ventos, relâmpagos e trovões, a  cortina rompeu-se de cima abaixo e o Santíssimo ficou exposto, acessível a qualquer um que o procurasse. O oculto foi desvelado. Essa é a essência do Novo: a Verdade está sempre presente e atuante, ao alcance de quem com ela se identifique, independente da raça, da crença e das preferências individuais.        Por longos séculos o "oculto" ou a Revelação, continuou exclusiva de uma casta, temerosa de perder o domínio sobre a massa. Era como a continuação do faraonismo egípcio e do farisaísmo hebraico.  Os  Escribas e a elite sabiam ler e escrever. E até mesmo os cultos religiosos cristãos medievais  eram celebrados numa língua estranha, o latim. incompreensível, mesmo para os descendentes latinos do Império Romano, que já desenvolviam diferentes línguas nacionais.

        Menos compreensível ainda era o latim para os descendentes germânicos.

       Justamente na Germânia,  em Mainz, ou Mogúncia, foi inventada por Gutenberg, a revolucionária Arte de Imprimir Livros. Seu primeiro trabalho foi a Bíblia, impressa e divulgada ainda em latim, 

      Coube ao  ex-sacerdote Martinho Lutero, conhecedor do hebraico, do grego e do latim, providenciar a tradução para o alemão , disponibilizando todo aquele conteúdo para a população germânica, convocada a aderir à Reforma Protestante..  Um exemplo da importância de acessar o  Conhecimento por via direta.

         Ainda hoje certas forças políticas retrógradas insistem em proibir o acesso à informação, pela censura, velada ou declarada, e pelo Controle Oficial da Mídia.

        Naquela época, a partir do feito de Cristo, sua atuação no mundo, sua presença, sua morte, ressurreição e  ascensão aos Céus, está ao alcance de qualquer um conhecer a Verdade e dar testemunho dela a quem a busca. Ela está aí para todos, como prioridade.

       O acesso à Verdade e à Liberdade não é uma exclusividade para poucos. Pelo contrário, nos tempos atuais  mais pessoas procuram e encontram a Verdade libertadora.

       Quem  não procura não acha. Para estes  a cortina permanece intacta.   Não se liberta. Continua preso aos grilhões da insabença.

       Na biografia humana vigora o mesmo princípio em seus diversos setênios.

       Na infância e adolescência a pessoa vive sob a guarda paterna. Uma vez chegada a maioridade o jovem sai de casa e parte para o mundo, para estudar,  trabalhar e emancipar-se. É um eu livre e responsável. O que é válido para uma pessoa, se-lo-á também para um grupo, um povo, uma nação. Caminhar com as próprias pernas, ganhar autonomia, amparar-se na Verdade.

       Quem assim não o faz,  sofre danos em todo o seu ser.

       O caso brasileiro é bem nítido.

       O Estado paternalista institui o assistencialismo e perpetua a submissão. O beneficiário acomoda-se e trava a sua evolução. O que deveria ser um socorro numa situação  emergencial, torna-se rotineiro e permanente.

       O tempo passa e a massa beneficiada não se emancipa. Permanece ignara.

       O mesmo   pode acontecer  com uma nação, por exemplo, a Coréia do Norte, tutelada pela China. Cuba, ex-sustentada pela União Soviética. Brasil e EUA, ambos sustentados pelos credores da dívida pública. E potências imperialistas, mantidas pelas respectivas colônias, como por exemplo a Rússia, dependente das exportações de minérios, gás, petróleo e fertilizantes explorados na Sibéria. Além disso, em função do aquecimento global, a Sibéria qualifica-se como futura grande produtora de alimentos, credenciada a ganhar mais cedo a sua emancipação. 

       O modelo de dependência financeira funciona mais ou menos bem  no  curto ou médio prazo. 

       Um dia a casa cai.

       Um exemplo ilustrativo é o de Israel. Tendo os sionistas, equivocadamente,  optado por instalar o seu país  na Palestina,  num barril de pólvora, cercado de inimigos por todos os lados, é obrigado a investir 8% de seu orçamento em Forças Armadas, quatro vezes mais que a média mundial, e aceitar ajuda militar norteamericana, acumulada em  200 bilhões de dólares desde sua fundação. 

       Graças à política tarifária  de Donald Trump, a tendência é a fonte secar, inviabilizando os dois lados, o beneficente e o beneficiado.

       No Brasil o quadro é igualmente alarmante. O crescente endividamento público   tende a inviabilizar a proposta assistencialista de perenizar o Programa Bolsa Família. Se o Programa for anulado, por absoluta inadimplência  estatal, os beneficiários não mais poderão recorrer ao paternalismo oficial.

       Com a crise da dívida pública brasileira, 2 trilhões, e a crise norteamericana, 30 trilhões, concluímos com a pergunta, ainda oculta, não revelada:

       Que futuro está reservado para  os  assistidos?   

       A resposta ainda não foi revelada. Está oculta  por trás da cortina da infantil inocência.


    



  


    


   


    


      

        

       

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