A linguística nos reserva grandes surpresas.

A janela

   A linguística nos reserva grandes surpresas.

   Pesquisando a palavra "janela" pude fazer interessantes descobertas. "Janela" vem de "januella", diminutivo de "janua", palavra latina que significa  "porta". "Janua" originou também "janeiro", o mês que abre o ano, o limiar entre o novo e o velho, à semelhança do deus "Janus", o deus dos inícios, representado com duas faces opostas.

   Portanto para o português janela é um diminutivo de porta. Januário seria o porteiro, mas nos USA "janitor" é o zelador. Chico Buarque, em "Januária na janela", desloca o conceito. Quando alguém é funcionário público sem concurso, "entrou pela janela".

   Outras línguas fazem opções diferentes. Do velho latim "fenestra" derivou-se "finestra" (italiano), "fenêtre" (francês), "Fenster" (alemão). O português contentou-se com "fresta", uma fenda ou rachadura na parede. O espanhol optou por "ventana", uma abertura na parede para passar o vento. No  inglês consolidou-se "window" e não "windeye", um olho na parede  igualmente para dar passagem ao vento. Continuando a busca cheguei ao russo, onde janela é "okno", derivado de "oko", palavra pouco usada que significa "olho", aparentada ao latino "oculus" e  cujo plural é "otchi", que se mantém no russo moderno na palavra "otchki", os óculos.

   "Olho" em alemâo é "Auge". Curioso que o termo "Windauge" não se firmou. Perdeu para "Fenster".

  Por fim , concluindo a pesquisa, descobri que "fenestra" serve também para "defenestrar" inimigos pela janela.

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