O ENGODO

        O Sr. Lavrov apresentou-se estes dias na Asembléia Geral da ONU. Foi um discurso bombástico, como já se esperava.

       Esse senhor parou no tempo e no espaço. Já estamos no seculo XXI mas ele consegue transportar-se aos idos de 1950 e 60 do século passado, quando a Rússia(URSS) encenava a grande farsa de que era uma potência mundial e rivalizava com os EUA.

       A Rússia Soviética impunha ao seu inocente povo os maiores sacrifícios na vida diária. Faltava tudo no mercado, as filas enormes eram a marca registrada do regime. As pessoas viviam mal. A qualidade de vida era péssima. No entanto a Rússia, camuflada de União Soviética, exibia-se como grande potência industrial-militar. Para afirmar-se investia pesado em armamentos, em corrida espacial e no  esporte, em detrimento da população.

       As imponentes paradas na Praça Vermelha  estremecia os espectadorves, internos e externos. A farsa era tão bem encenada que muitos caiam na conversa.. A Rússia apresentava-se como o grande perigo para o mundo livre. Dessa forma os sucessivos ditadores russos (soviéticos)  empurravam com a barriga o seu regime-fantasia.

       Em 45 anos de Guerra Fria a Rússia contentava-se em iludir os outros e a si própria. A guerra sempre foi fria, quer dizer, sem guerra. Lembro-me muito bem do ano de 1962. A Rússia conseguiu a proeza de instalar mísseis em Cuba apontados para Washington. Conseguiu o milagre de criar uma semana de tensão, ameaçando deflagrar a III Guerra Mundial e destruir os EUA>

       Para orgulho dos dirigentes soviéticos o mundo entrou em alerta máximo.

       Era tudo uma ópera bufa. Bastou a postura firme do Pres. Kennedy e estava resolvida a quesão. Khrushev retirou os mísseis e voltou para casa, quietinho..  Khrushev demonstrou lucidez e retirou-se, mas isso lhe custou o cargo de Primeiro Ministro. Os mais fortes do Partido acusaram-no de fraqueza. Foi deposto e condenado a prisão perpétua domiciliar.

      Em 1956 a Rússia (URSS)invadiu a Hungria e sufocou um sonho de liberdade.  Em 1968 invadiu a Tchecoslováquia  com o mesmo propósito. Essas pequenas  incursões em países indefesos e submissos,  impressionavam a platéia. Tudo dentro do script. Era um prato feito para os donos de Moscou.

       Na década de 80 foi a vez do ditador Brejnev botar as manguinhas de fora. Resolveu testar seu imenso  poderio bélico  invadindo o pobre Afganistâo, um paisinho de nada. Em 45 anos foi a única tentativa de colocar as suas tropas num campo de batalha, lutando de igual para igual.

       O fracasso foi retumbante. Foi o começo do fim. As contínuas baixas e os caixões chegando abalaram o ânimo das pessoas. Mães e esposas, e até homens, aderiram aos protestos, sob o olhar vigilante da policía. O regime definhava. Gorbachov ainda tentou salvar alguma coisa, propondo reformas e transparência (perestroika e glasnosth). Em vão. Foi neutralizado pelos  radicais do Partido.

      

        Dois anos depois a URSS declarou falência.

       De nada adiantou tentar nadar contra a corrente.

       30 anos depois assistimos ao mesmo cenário tragi-cômico.: o paranóico Putin tentando reconstituir a antiga Rússia soviética e czarista, operando com a mesma máquina carcomida de então.

       Quanta ingenuidade! Ou melhor: Quanta incompetência!. E má fé.

       Vários chefes de Estado vão a Nova York discursar na ONU. Putin manda o seu preposto, o tal Lavrov. Este descarrega, na tribuna, as mesmas baboseiras de velhos Ministros de outros tempos.

       Contudo o mundo mudou. Cada vez mais pessoas estão despertas para perceber a psicopatia oculta por trás da retórica ameaçadora.

       Cada vez mais pessoas se retiram durante a fala.

       Aquele velho discurso não pega mais. 

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