O SINAL

        Na ciência da Estatística existe a figura do "sinal", um dado inicial que aponta ou sinaliza para desdobramentos futuros de acontecimentos, a princípio pouco perceptíveis. Um fato germinal, embrionário, desenvolve-se mais tarde como realidade plena.

       Por exemplo, um pré-requisito para a existência e a perpetuação de um ecosistema é a biodiversidade.

       O contrário também é verdade: a biouniformidade é  um fator de degeneraçao biológica de um ecossistema. Esse princípio é válido para  os três reinos, vegetal, animal e humano

       Em zootecnia a biodiversidade é indispensável, por exemplo na cunicultura. O coelho é uma espécie animal de alta prolificidade. A fêmea tem um ciclo curto de 30 dias. Logo após a parição ela está apta a nova gestação. Poderá gerar dezenas de descendentes  em um ano. O cunicultor consciente limita essa prolificidade excessiva. Reduz a quantidade e melhora a qualidade.

       Um outro cuidado do cunicultor ´refere-se ao coelho macho. Ele troca o reprodutor frequentemente, a fim de impedir que ele venha a fecundar a sua própria filha, ou a  neta  ou a  bisneta. gerando um quadro negativo de consanguinidade, quer dizer de biouniformidade, o que aumenta significativamente a vulnerabilidade a patógenos.

       O mesmo cuidade é necessário na bovinocultura. A pecuária moderna tende à prática generalizada da inseminação artificial. Ao invés de manter um reprodutor o pecuarista prefere comprar o sêmen de um reprodutor  de alto valor zootécnico. O perigo inerente é que um touro fornece sêmen para inseminar milhares de vacas. Todas gerarão descendentes do mesmo pai.

       O mesmo vale para apicultura e outras criações animais, e também entre humanos.

       Ao longo da História , a princípio, a consanguinidade ocorria em comunidades fechadas. O comportamento era mais de natureza tribal, sendo as diferentes tribos  rivais entre si.

Um exemplo são as tribos indígenas brasileiras. Viveram isoladas na floresta,durante séculos ou milênios,  com alto grau de consanguinidade.  Não tinham a opção de miscigenar-se com outras tribos. Suspeita-se que algumas estejam isoladas até hoje. O isolamento e a biouniformidade condicionaram a estagnação biológica e cultural dos indígenas, hoje dependentes da tutela estatal,  O eu grupal prevalece e impede o desenvolvimento do eu individual. Paralelamente ocorre o fenômeno positivo: cada vez  mais tribos se abrem  e mais membros emancipam-se do tribal e integram-se à sociedade civil. Muitos frequentam escolas, universidades e profissionalizam-se, nos padrões modernos.

       Na Antiguidade o comportamento grupal ou tribal predominava entre os povos. Daí as constantes guerras que promoviam uns contra os outros. Eram guerras de conquista pura e simples. Cada povo se organizava para expandir-se e ampliar seu território., às custas dos outros. Era o normal da época.

       Na História dos antigos, um determinado povo foi escolhido pela direção espiritual superior para trazer algo totalmente novo para a Humanidade. Era algo inédito até então.  Era algo tão especial que seria trazido por uma pessoa igualmemte excepcional. Essa pessoa era Abraão.  Em idade avançada Abraão e sua mulher Sara emigraram de Ur, na Caldéia, e se fixaram mais ao sul, na Terra de Canaã.

       Não tinham filhos. Por sugestão de Sara, Abraão manteve um relacionamento com sua serva egípcia Agar. Desse relacionamento nasceu Ismael, o primogênito de Abraão.

       Miraculosamente, Sara   f grávida e deu à luz Isaq, o segundo filho de Abraão, porém o primeiro nascido de pai e mãe semitas, portanto destinado a dar continuidade à linhagem pura,. Uma exigência da época: a pureza de sangue.

       Sara, enciumada, exigiu a expulsão de Agar e Ismael para fora de casa. Foram expulsos para o deserto.  Abandonado, Ismael sobreviveu e deu origem ao atual povo árabe,  o povo do deserto.

       Isaq gerou Jacó, mais tarde chamado Israel. Jacó (Israel) gerou 12 filhos, os quais deram origem   às doze tribos de Israel, as doze tribos originárias do Povo Eleito, descendentes de Abraão. Prevalecia ainda o elemento tribal, ou  grupal. Eram doze tribos.

       Era o Povo Eleito para cumprir três missões sublimes: o monoteísmo,

        o pensar lógico e o Messianismo.  No seio do Povo Eleito, o Povo Hebreu (ou Judeu) um dia nasceria o Messias, o qual traria a mais importante contribuição de todos os tempos: a consciência do eu individual.

       Pelo feito de Cristo, o Messias, está aberta hoje a possibilidade,  para qualquer ser humano,   de assimilar a força crística e desenvolver o seu eu superior, livre e responsável, independente de qualquer vínculo tribal, hereditário.

        Cumpria-se, plenamente, a sublime missão do Povo Eleito.

       Contudo uma parcela do Povo Hebreu, por livre opção, não deu o passo para o Novo. 

       Essa parcela minoritária, fiel ao passado, espalhou-se pelo mundo, vindo a constituir, em diferentes lugares, núcleos comunitários coesos, incapazes de integrar-se à gente do povo que os acolhia. Como se fora uma etnia superior, esses grupos , remanescentes do Povo Eleito, recusavam-se a miscigenar-se com a gente local.  Isolavam-se em ghetos, exclusivos, sendo continuamente hostilizados por todos à sua volta. Durante vinte séculos mantiveram o comportamento tribal de seus antepassados. Em comunidades fechadas, com alta uniformidade genética, sofriam constantes perseguições e pogroms. O antijudaísmo alcançou o seu máximo  no período nazista  de 1933 a 1945.  Foi o último holocausto registrado na História da diáspora. 

       Desde então, nos últimos 80 anos, observa-se uma decidida mudança de atitude, a superação do exclusivismo isolacionista, a abertura para o outro, a tolerância para com o diferente. a integração cultural e étnica. A paz e a prosperidade. A merecida recompensa para os israelitas.

       Entretanto, completamente diferente, é o destino reservado aos israelenses.

       Três anos após o fim do último holocausto, fundaram um Estado na Palestina para continuarem a praticar o velho exclusivismo que tanto sofrimento trouxera para o seu povo. Tal como na Antiguidade pré-cristâ, o Povo Eleito, cercado de inimigos por todos os lados. os politeístas pagãos, agora, no século XX e XXI, o mesmo destino se repete, por livre escolha do Povo Eleito. Um país isolado, dependente de contínua ajuda externa,  sem autonomia, cercado de inimigos por todos os lados. Não são mais pagãos politeístas como outrora. Agora são monoteístas muçulmanos, descendentes de Abraão. 

       E o poder em Israel está nas mãos do Likud Ortodoxo, o mais radical e o mais fiel ao Velho.  Obcecado pela idéia de reconstituir o antigo país da Bíblia., custe o que custar, mesmo se 1000 cidadãos israelenses sejam assassinados em um dia. Mesmo que o país tenha que abrir, simultaneamente, cinco  frentes de combate a terroristas.  Mesmo que profissionais qualificados sejam deslocados de seus postos de trabalho para lutar na guerra do Likud, a troco de que?  E muitos já começam a deixar o país, de volta às origens.  

       O Likud quer mais guerra, mesmo que a dependência externa aumente e a economia entre em colapso      

       O Povo Eleito de Israel luta e trabalha para sustentar a casta dominante dos Colonos Ortodoxos, que não lutam e não trabalham. Sua tarefa é praticar a religiãó e proliferar. O Governo os mantém e os incentiva  a ocupar mais território alheio e  mais espaço vital (Lebensraum). 

       Demograficamente calcula-se que em vinte anos os Ortodoxos serão 20% da população e ocuparão 20% das cadeiras no Parlamento. Tudo às custas do trabalho dos outros.

       Esses são alguns sinais  que apontam para um futuro de certezas.

       Uma  certeza é de que assim não deve  continuar.

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