A ÚLTIMA TEOCRACIA

Nações grupais ou tribais tendem a desaparecer, pois transitam na contramão da História. A vocação do ser humano é desenvolver o Eu individual, livre e responsável.
No Brasil assistimos a esse fenômeno no dia -a-dia.
Nações indígenas viviam isoladas, outras se deslocavam em busca de novas áreas, o que resultava em conflitos entre elas. Preparavam-se para a luta e partiam para conquistar novos territórios. Era, e ainda é, a lógica de qualquer tribo organizada, de um exército, antigo ou moderno.
Atualmente povos da floresta estão, lentamente, perdendo seu paraíso, aculturando-se e procurando outras opções.
Muitos percebem que não podem viver excluídos indefinidamente. Começam a sair de suas aldeias, vão para a cidade, estudam, qualificam-se e alguns voltam às suas origens para ajudar os que ficaram. É um processo irreversível.
O que acontece entre nós é semelhante ao fenômeno palestino.
A Palestina foi dividida para abrigar dois povos etnicamente afins, árabes e hebreus. Ambos descendem do mesmo ancestral Abraão.
No islamismo Maomé conseguiu unificar diferentes tribos sob uma única fé, monoteísta:
"Existe um só Deus, e Maomé o seu profeta."
É uma dualidade. Não existe o conceito de Trindade nem a pessoa do Filho.
O Islamismo expandiu-se rapidamente, formou um grande império fundamentado na religião maometana.
Hoje são muitos os países islâmicos, religiosos. Moderados, sunitas, ou radicais, xiitas.
Da mesma forma o moderno Estado de Israel, estabelecido a leste da Palestina, reuniu as doze tribos originais dispersas
num só país. É o povo Hebreu, vivendo unido num Estado Judeu, congregando cidadãos Israelenses.
Um Estado igualmente teocrático, com suas fronteiras delimitadas por critérios bíblicos. E a administração concentrada num partido religioso, ortodoxo, o Likud.
Interessante é que na mesma região, Palestina, confrontam-se dois povos, adeptos de duas religiões, monoteístas, dualistas.
Para uma não existe o Filho, a outra espera o Messias.
Ambas nutrem-se do conflito com o inimigo externo, importante estratégia para garantir a unidade interna.
Palestinos e Israelenses sofrem uns com os outros a despeito de suas raízes comuns.
Precisamente nesses dias, março 2023, assistimos na região cenas de rua plenas de significado.
De um lado colonos ortodoxos atacam em massa comunidades muçulmanas na Cisjordânia.
De outro ocorrem manifestações em massa de cidadãos laicos Israelenses contra a tentativa ortodoxa de diminuir o poder judiciário, fortalecer o Parlamento e abalar o equilíbrio de pesos e contra-pesos.
Até mesmo os valorosos pilotos negam-se a transportar o Primeiro Ministro em viagens oficiais.
São fatos novos que nunca aconteciam.
Se a Teocracia é anacrônica, em algum momento ela se revelará inviável, tal como a recente tentativa bolsonarista.
Como no Brasil assim é também nas Arábias e em Todas as Rússias.

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