O IMPACTO
Medidas de impacto são frequentemente adotadas por poderosos a fim de causar um dano nas hostes inimigas.
Uma outra alternativa para os donos de poder é tomar decisões moderadas que também conduzem à solução de problemas.
O impacto é destrutivo. O impactante visa apenas destruir o impactado. O efeito colateral é que os estilhaços atingem, indiscriminadamente, o impactado e o impactor.
Por exemplo, as tarifas trampistas, trombeteadas aos quatro cantos, são esses explosivos que explodem em cadeia, em catena, em corrente contínua, não alternada, concatenada de tal forma, que seus subprodutos atingem igualmente impactáveis e impactantes.
A explosão trampista é exatamente o oposto do que ocorre, por exemplo, no interior de um motor a explosão. instalado num veículo moderno convencional.
Num moderno motor a explosão interna, a reação em cadeia é controlada a tal ponto que o motor é capaz de se auto-mover, de mover-se a si próprio, sem se destruir.
O moderno motor a explosâo não só é capaz de se automover, mas também capaz de mover toda uma carcaça, carregada ou não. É o chamado auto-móvel.
Automóvel é apenas o auto-motor. o restante é movido: a carcaça, a carga e os passageiros.
Agora entendemos claramente porque o motor a explosão de gasolina só foi inventado e aperfeiçoado nos séculos XlX e XX, ou seja vários séculos depois da invenção da pólvora, a qual desencadeava uma reação em cadeia, num rastilho descontrolado.
Vejam só a distância. São séculos decorridos. A criatividade humana precisou de 500 anos para domar o impacto arrasador da pólvora.
Toda a civilização humana baseia-se neste princípio: o controle de impulsos, o auto-controle.
Se o auto-móvel perde o auto-controle, aí ele se arremessa desenfreadamente sobre qualquer obstáculo,
O auto-móvel, aliás o auto-motor, também funciona a uma temperatura determinada. O mostrador de temperatura mantém o ponteiro sempre na faixa do verde. Se ele amarela ou enrubesce, o motor pára automaticamente, com suas engrenagens fundidas. A alta temperatura funde o motor.
O mesmo acontece com certos políticos, os grandes bravateiros , nacionais e internacionais. Eles correm o perigo de se fundirem definitivamente, no calor das batalhas e dos debates, em palanques e em TVs.
Neste exato momento assistimos à autodestruição do nosso ex-presidente, em vias de ser detonado pelo próprio pavio curto.
Seu maior ídolo, aliás seu grande lover, sobreviveu à invasão do Capitólio, um fenômeno impensável na maior democracia do mundo.
Era impensável nos EUA, a maior democracia, e impensável no Brasil, uma democracia menor.
Aqui, como lá, curiosamente, uma caterva de arruaceiros marchou, invadiu e depredou o quanto pôde, e 1400 vândalos foram, não imediatamente, mas posterirmente, após a consumação do vandalismo, aí sim, foram presos em flagrante delito e encaminhados à Papuda.
A política tem razões que a própria razão desconhece.
E por falar em vandalismo, lembrei-me agora da formação que eu recebi na Alemanha, no século passado. Dentre as muitas matérias do currículum, uma delas, a minha preferida, era fonética. Duas vezes por semana, 60 minutos de exercícios do aparelho fonador, a fim de aperfeiçoar as cordas vocais para reproduzir fielmente os sons da língua alemâ.
Eu de minha parte, procurava aperfeiçoar-me a cada dia. A perfeição era o limite.
A professora se admirava: -- Herr Avila, o senhor é brasileiro puro, não tem nenhuma ascendência alemâ?
--Que eu saiba não. Minha ascendência é hispânico-portuguesa. Só que os vândalos tambèm invadiram a Peninsula Ibérica.
O impacto foi geral.
E assim ficou tudo esclarecido.
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