PALESTINA lll
Na atribulada História do Povo Eleito, registram-se também longos períodos de paz.
Foram 200 anos de paz sob o domínio persa e mais 200 anos de paz sob o pacífico domínio egípcio. Também com os gregos a convivência foi pacífica. A tudo isso somam-se os longos anos sob o tranquilo império da Pax Romana.
Retrocedendo a tempos bem remotos, lá atrás, na antiga Atlântida, o iniciado Noé foi avisado da iminente catástrofe que se abateria sobre seu continente, hoje submerso no Oceano Atlântico.
Noé construiu a sua Arca, abrigou a sua família e, protegido, aguardou o Dilúvio.
Após o Dilúvio, aguardou o escoamento das águas e ancorou em segurança, possivelmente sobre o Monte Ararat, na Armênia (Gen. 8,4).
Após um ano de permanência na Arca, Noé desembarcou, em companhia dos seus três filhos Cam, Sem e Jafet e suas famílias. E ergueu um altar em ação de graças.
Como era agricultor, plantou uma vinha, colheu seus frutos, bebeu seu suco e excedeu-se. Inebriado, semi-consciente, circulou nu por entre as tendas, sendo então surpreendido por seu filho Cam, que logo comunicou a seus irmãos Sem e Jafet, os quais imediatamente acorreram a cobrir o pai com um manto.
Noé, ao acordar, enfureceu-se com Cam, declarando-o escravo dos outros dois irmãos. Amaldiçoou-o e abençoou a Sem e a Jafet, e a toda sua descendência. Quer dizer a todas as nações da Terra.
Noé ainda viveu mais 350 anos, vindo a falecer na avançada idade de 950 anos.
Seus três filhos tiveram numerosa descendência, vivendo todos na mesma planície de Senaar, na Mesopotâmia, quer dizer mesos - potamos, entre - rios, entre os Rios Tigre e Eufrates, na antiga Caldéia, hoje Iraque. E falando todos a mesma língua, entendiam-se muito bem.
Até que, em dado momento, entediados pela monotonia, decidiram construir uma grande torre que tocasse o céu.
Antes de lá chegarem, começaram a desentender-se em plena obra. A confusão, quer dizer a Babel, cresceu. Instalou-se o caos e a obra foi abandonada pela metade. Na Mesopotâmia.
As pessoas se dispersaram pelo mundo, falando línguas diferentes, adotando hábitos diferentes, e crenças diferentes. A diversidade cultural se impôs como um imperativo histórico em lugar da primitiva uniformida
Qualquer iniciativa ou tentativa de retroceder à primitiva uniformidade, condena-se ao fracasso, por ser absolutamente anacrônica.
A evolução histórica não admite anacronismos extemporâneos.
Após a frustrada construção da Torre de Babel, a humanidade se dispersou, se diversificou e se diferenciou. A multiplicidade étnica, linguística e cultural viria impor novos desafios à evolução.
Dentre todos os desafios destacava-se a superação da intolerância. Tolerância pressupõe a capacidade de conviver com o diferente e superar o tribalismo.
Sem era o filho mais velho de Noé. Um seu descendente era Tará, pai de Abraão. Este morava em Ur, na Caldéia, no meio de um povo idólatra, sem deixar-se contaminar pelo paganismo à sua volta.
Já em idade avançada assumiu sua missão: num lance ousado abandonou a sua terra, seus pais, suas raízes e emigrou para uma terra estranha, para ali originar um grande povo, ou melhor, grandes povos. "Em ti serão abençoadas todas as nações da Terra." (Gen 12,3)
Aos 75 anos, acompanhado de sua mulher Sarai, Abrão chegou em Canaã, "a terra onde corria leite e mel." Acompanhava-o também seu sobrinho Lot, seus servos e seus rebanhos. Abrão, assim como Lot, era muito rico. Traziam consigo muitos servos, muitos animais, muito ouro e prata.
Como não havia pasto suficiente para todos os rebanhos, os respectivos servos entraram em disputa. Para evitar maiores desavenças, Lot e Abrão decidiram separar-se. A Lot coube escolher a verdejante região do Jordão, onde havia abundância de água e terras férteis. Estabeleceu-se em Sodoma, próximo de Gomorra e de um grande lago, piscoso. Um verdadeiro Mar Vivo.
Abrão fixou-se em Hebron, onde ergueu um altar ao Senhor.
Pouco tempo depois quatro reis estrangeiros invadiram Sodoma e Gomorra, e sequestraram Lot, seus servos e todos os seus bens.
Abrão, informado do ocorrido, selecionou 318 entre seus melhores criados, partiu para Sodoma, e na calada da noite, abateu-se sobre os quatro reis bandidos, recuperou os espólios e libertou Lot e demais prisioneiros. Ao voltar para casa, encontrou-se com Melquisedec, rei de Salém, sacerdote do Altíssimo, o qual o recebeu com pão e vinho, em sacrifício de ação de graças. Melquisedec o abençoou e recebeu a dízima dos espólios, como era de costume.
Recordemos que Melquisedec era rei e sacerdote, num tempo em que o poder espiritual e o poder temporal se interpenetravam.
Tal como Noé havia sido de antemão prevenido da iminente catàstrofe hídrica em Atlântida, assim tambèm Lot e sua família foram informados da ira de Deus que se abateria sobre Sodoma e Gomorra, como castigo pelas hediondas iniquidades que campeavam naquele território, aliás uma região privilegiada pela natureza. Lot e seus familiares seriam salvos a tempo, sob uma condição: seguir decididamente em frente, sem olhar para trás em momento algum. Passado é passado.
A retirada foi ordeira, enquanto que sobre as duas cidades chovia fogo e enxofre. Safaram-se todos da família, exceto uma pessoa: a mulher de Lot. A despeito de tantas recomendações, a curiosidade falou mais alto. Ela virou-se para trás para apreciar o cenário de destruição. Imediatamente cristalizou-se numa estátua de sal, e não mais evoluiu, ao passo que Lot, seus parentes, seus servos e seus rebanhos, seguiam firmes adiante, sem se darem conta de que, lá atrás, a mulher se petrificara.
Isso acontece, quando a pessoa sempre se vira para trás e martela no infortúnio. A vitimização congela o desenvolvimento.
Abraâo persevera no cumprimento de sua missão, distinguindo-se por sua generosidade e hospitalidade para com os estrangeiros.
Como grande chefe Abraão foi submetido a muitas provações. Superou-as todas.
A mais dolorosa foi cumprir a ordem recebida do alto de sacrificar seu próprio filho Isaque. Abraão não hesitou em obedecer. Provido de um facão, o coração estraçalhado, dirigiu-se silenciosamente com Isaque para um monte. No momento exato em que ia desferir o golpe fatal, aparece-lhe um anjo e o detém a tempo. Sua fidelidade ao Senhor estava comprovada. Abraão resgatou um cordeiro enroscado num cipoal e o ofereceu em holocausto.
Para Abraão, soou do alto, novamente, a promessa do Senhor:" Por tua lealdade multiplicarei tua descendência, que será tão numerosa quanto as estrelas do cèu e as areias da praia. Num de teus descendentes serão abençoadas todas as nações da Terra."
Confirma-se a missão abrangente de Abraão, positiva e irreatrita.
Sua mulher Sara faleceu aos 127 anos de idade. Por doação Abraão recebeu um pequeno lote onde construiu a sepultura. Elieser, seu administrador, partiu com 10 camelos para Harã, à procura de uma mulher para Isaque. Encontrou-a na pessoa de Rebecca, uma formosa jovem caridosa que lhe deu de beber e aos camelos. E ainda ofereceu hospedagem, para ele e para os animais. Elieser convenceu-se de que Rebecca seria a esposa de Isaque. Ela se apresentou. Era filha de Batuel, neta de Nacor, irmão de Tará, o pai de Abraão. Na época a consanguinidade matrimonial ainda era comum. Fazia parte daquele antigo ideal de pureza étnica grupal, uma característica da consciência tribal. hoje gradativamente superada pela consciência crística, individual. Hoje, ao contrário de antigamente, casamentos consanguíneos são raros.
Porém, naqueles tempos, os pais autorizaram e Rebecca seguiu então com a caravana para encontrar-se com Isaque em Canaã e unir-se a ele em casamento.
O terceiro patriarca, Jacó, filho de Isaque e Rebecca, em suas peregrinações, chegou às terras de Labão, irmão de Rebecca. À primeira vista apaixonou-se por Raquel, filha de Labão, e entestou de casar-se com ela. O pai, porém, rigoroso, propôs ceder-lhe a filha em casamento, sob a condição de Jacó trabalhar para ele durante sete anos em suas propriedades.
Imediatamente, Jacó aceitou o desafio, sem pestanejar.
E sem falar com ela, contentando-se com vê-la, Jacó cumpriu fielmente o combinado. Ao fim de sete anos, Jacó reivindicou a sua noiva prometida.
Labão porém, usando de mais cautela, em lugar de Raquel, lhe deu a Lia, a outra filha.
E vendo então o pobre pastor Jacó, que com enganos, lhe era negada a sua querida pastora, casou-se com a Lia e continuou por mais sete anos trabalhando para Labão, pois só a Raquel por prêmio pretendia.
Ao final de 14 anos de servidão, Jacó viu sua perseverança recompensada, e ganhou também Raquel, dizendo:"Muito mais eu serviria se não fosse, para tão longo amor, tão curta a vida." (Camões)
Do casamento com Lia nasceram onze varões. Raquel, por sua vez, consentindo com a bigamia de seu marido, lhe deu seu 12º rebento, o José, o caçula, o filho predileto de Jacó, nascido de Raquel, a quem ele amava.
Dos doze filhos de Jacó, também chamado Israel, formaram-se doze tribos, As Doze Tribos de Israel, que deram continuidade à História e à Missão do Povo Eleito de Deus: trazer ao mundo o Messias Salvador.
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