PALESTINA ll
No momento mais crítico, quando o Povo Eleito vivenciava a sua mais nítida decadência, desviado de seus legítimos propósitos, neste momento acontecem dois fatos de suma relevância: no ano 0 de nossa era nascem , em dois diferentes lugares da Terra Santa, os dois meninos, segundo os Evangelhos de Mateus e de Lucas.
Tão importantes foram esses dois acontecimentos, os dois nascimentos narrados separadamente na Sagrada Escritura, que a partir daí, o tempo histórico passou a ser contado com base nesses dois marcos simultâneos.
O advento do Cristianismo foi o divisor de águas, o presente assinalado entre o passado e o futuro. O "antes e o depois", perfeitamente inseridos no contexto da Evolução Universal.
Dois meninos descendentes de David.
O Rei David teve dois filhos, com diferentes vocações:
1) Salomão, o rei governante.
2) Natan, o sacerdote celebrante.
De Salomâo e de Natan derivam duas diferentes linhagens, a real e a sacerdotal, narradas respectivamente nos Evangelhos de Mateus e de Lucas. Dois ramos da mesma árvore. Duas árvores genealógicas da mesma raíz.
Em Mateus, (Mt 1, 1-17), temos 14 gerações, desde Abraão até David. Mais 14 gerações, de David até o cativeiro na Babilônia. Finalmente 13 gerações, desde os tempos da Babilônia até o nascimento do primeiro menino Jesus. Portanto 2x14 + 1x13, em Mateus.
Diferentemente em Lucas (Lc 3, 23-38). Aqui a contagem é regressiva, começando por José, marido da Virgem Maria, passando por Heli, Matat,... até Henoc, filho de Set, filho de Adão, filho de Deus.
O menino salomônico, apresentado em Mateus, é de natureza real. O menino natânico, em Lucas, é de linhagem sacerdotal.
Aos doze anos de idade, após a apresentação para os sábios do Templo, os dois meninos se separam. Um deles vem logo a falecer e seu "eu" transfere-se para o outro, o salomônico, conforme a pesquisa realizada por Rudolf Steiner com base na Ciência Espiritual Antroposófica. O grande enigma da cristandade encontra aí sua solução, compatível com a consciência moderna do homem do século XX e XXl.
As duas naturezas confluem para a mesma pessoa, destinada, 18 anos mais tarde, a receber o batismo no Rio Jordão e como o Cristo-Jesus, realizar, nos três anos seguintes, o seu feito, o maior evento jamais registrado na História da Evolução Universal: o nascimento do eu individual, livre e responsável.
Tamanho era o alcance da Boa Nova anunciada por Cristo, que, naquele momento, não pôde ser assimilada pela casta dominante no Templo de Jerusalém: a facção farisaica, acompanhada por saduceus, escribas, doutores da Lei e outros manipulados, aninhados na consciência grupal das doze tribos.
De forma alguma podiam renegar a Lei de Talião, a Lei da Retaliação, (Olho por olho,dente por dente, mão por mão,pé por pé), exposta nos livros de Êxodo, Levítico e Deuteronômio, ainda hoje vigente entre os poderosos deste mundo, os influenciadores de seus adeptos.
Perdoar o inimigo era um desafio grandioso demais para o limitado pensar daqueles tempos, tal como hoje.
A minoria dinheirosa não acatou a Boa Mensagem,, o "ev angelion", e permaneceu fiel ao passado.
Rejeitou o Novo, rebelou-se contra a dominação romana, foi derrotada , e no ano 70 d.C. viu seu Templo destruído pela última vez. Símbolo do fim de uma era. Início de uma Nova, com amplas perspectivas por vir.
Muitos contingentes populacionais, gentios e hebreus, aderiram ao impulso crístico, sobretudo pela ação de Saulo de Tarso, chamado Paulo, ou São Paulo, o arauto da Nova Fé.
Os três primeiros séculos foram marcados pela feroz perseguição aos cristãos, aos gentios e aos hebreus recém-convertidos, perpetrada pelo Império Romano, pagão, politeísta, mancomunado com os hebreus monoteístas da Antiga Aliança, egressos da Terra Santa e dispersos pelo Império na diáspora.
A minoria hebraica, aliada à maioria romana, não prevaleceu. Clandestinamente, nas catacumbas, e explicitamente, nas arenas, o cristianismo crescia, a despeito de toda repressão.
A conversão do Imperador Romano Constantino, em 313, mudou a configuração das peças no tabuleiro do poder. A Nova Igreja , recém fundada nos moldes do Império Romano. assumiu duas características decisivas:
1) a perseguição aos dissidentes, hereges, bruxas, alquimistas, judeus, pensadores e cientistas.
2) a adoração aos Santos, às Nossas Senhoras e o culto às suas respectivas imagens. Um retorno ao passado mitológico greco - romano - egípcio.
Paralelamente destacam-se os núcleos judaicos, fortemente unidos e coesos, fiéis ao passado, em franca oposição à corrente romana dominante.
Exacerbam-se os ânimos, agravam-se as contradições.
De um lado a maioria romana, carente de recursos, recorria à minoria judaica, a qual podia livremente acumular riqueza e emprestar dinheiro, para súditos e reis.
A prática da "usura", proibida pela Lei Eclesiástica, foi providencial em momentos de penúria.
Em situações emergenciais, os carentes, líderes e liderados, apelavam aos "usurários", tornando-os mais poderosos. Nada mais justo, naquelas circunstâncias.
A "pecaminosa usura" medieval deu origem à atual "agiotagem oficial", permitida por Lei. É o Sistema Financeiro, nacional e internacional, que agora, tal como antes, salva os aflitos, governantes e governados, incapazes de gastar menos e ganhar mais.
A nova banca contemporânea mantém a tradição da velha banca de outrora. É a tábua salvadora dos desesperados.
O pecado da usura e a agiotagem ilegal grassam livres entre nós, com o aval das autoridades.
Em meio à grave crise, econômica e ecológica, que flagela a nossa sociedade, não obstante vicejam os sistemas financeiros, com seus lucros bilionários anunciados a cada ano.
Contudo não há mal que para sempre perdure.
Aqui e acolá esboçam-se iniciativas onde o dinheiro alheio contribui para o bem geral, propiciando o progreso sócio-cultural-ambiental.
A Banca Ética, alicerçada na Trimembração do Organismo Social, inspirada no fundamento cristão-antroposófico, aponta para o futuro da Humanidade.
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