IMIGRANTES

É comum perguntarmos sobre nossas origens. Queremos saber algo dos nossos antepassados.
No Brasil somos todos imigrantes, inclusive os índios.
Todos emigramos de outros continentes e por várias circunstâncias, um dia aportamos por aqui.
Neste país, outrora um  
paraíso não habitado.
No momento em que vários povos se encontram, aí começa o grande desafio: conviver com o diferente.
Seria muito cômodo se todos fôssemos iguais e pacíficos.
A realidade é outra.
Numa colméia todos se ajudam e interagem, em perfeita harmonia.
Porém se uma abelha estranha, por engano, chega ao alvado, é sumariamente eliminada. Para isso lá está a casta dos soldados, pronta para se defender e garantir a segurança da família contra intrusos. 
O ser humano também é criatura, é fruto da Natureza, com o privilégio de ser a única espécie capaz de transcender o meramente natural.
Habitamos um país bastante florestado, mas não somos obrigados a nos submeter à lei da selva. Nem mesmo ser apenas "o bom selvagem" (Rousseau).
Queremos ser civilizados. Seres que superam os instintos primitivos.
Eis a distinção entre civilização e barbárie.
"Barbaros" é palavra grega que significa "estrangeiro." É o forasteiro, que veio de fora, e deveria ser repelido, como um corpo estranho. É o diferente, que incomoda, que perturba. Não é um dos nossos. É um invasor.
Assim seria sempre se o ser humano fosse apenas um ser natural, submisso ao rigor do rebanho, coletivo.
Seria assim se o Homem sempre tivesse o hábito de demarcar seu território, exclusivo, como faz o bicho do mato, por instinto.
Dos quatro reinos da Natureza, só o humano é capaz de transcender, se ele quiser.
Alguns não querem. Optam por permanecerem primevos. É sua decisão.
Como estrangeiros Abraão e Sarah chegaram à Terra de Canaã, a terra dos cananeus, também chamada Palestina, ou Filistina,, a terra dos filisteus, onde também viviam moabitas, amonitas e outros.
Quando sua mulher faleceu, Abraão procurou comprar um pedacinho de terra e ali montar a sepultura. O proprietário, magnânimo, lhe ofereceu gratuitamente o terreno.
Assim começa a convivência amistosa com o desconhecido, recém-chegado. Quanta transcendência!
Seria maravilhoso se assim continuasse. Diferentes em harmônica convivência.
Eis a questão que desafia a humanidade até hoje: acolher ou rejeitar?
Até o Criador, no magistral relato de Moisés, criou o mundo, e sentiu-se só. Aí criou o Homem, o primeiro Adão, à sua imagem e semelhança.
Ganhou um companheiro, livre como Ele. Livre para desobedecer e até para se insurgir contra o próprio Criador. 
E Adão foi habitar, sozinho, o Jardim do Eden.
Mas também sentiu-se só. Ganhou uma companheira, Eva. Semelhante, mas não igual a ele. Era o primeiro casal, unidos para viver em Harmonia. Ou não.
Foi muito bom enquanto durou. Até que resolveram desobedecer e comer a maçã, o "malum", o fruto do "malus", a macieira.
Foram expulsos do Paraíso e condenados a trabalhar, ganhar a vida vom o suor de seu rosto, parir com dor, e mais que tudo "a trabalhar a terra,."
Iniciou-se ali a jornada evolutiva do Homem que continua até hoje. Enfrentando desafios, sendo o maior deles , justamente, conviver com o outro.
A começar pelo casal.
E amplia-se na família, na sociedade, na nação.
No concerto das nações.
Litígios ainda existem, em alguns lugares.
Simplesmente porque o Homem comeu do fruto proibido, da Árvore do Conhecimento. E agora é obrigado a adquirir mais conhecimento, labutar, penar, sobreviver, e "trabalhar a terra".
Até hoje, tanto tempo depois decorrido, ainda sentimos pena do pobre homem do campo, que trabalha, incansável, de sol a sol. Sua e passa frio, para trazer o alimento à nossa mesa.
Trabalha a terra.
E quando não tem terra, luta pela terra.
Quando a tem, luta para possuí-la.
Será sempre assim?
Seremos eternos imigrantes numa Terra Santa?

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