A VASSOURA
O grande ecologista brasileiro José Lutzenberger, em suas magníficas palestras, frequentemente comparava os homens da energia nuclear a meros aprendizes de feiticeiro.
Baseava-se no poema de Goethe, Der Zauberlehrling, O Aprendiz de Feiticeiro.
O poema deixa claro. O mestre é aquele que domina a arte e não se deixa dominar por ela.
O aprendiz é o iniciante que pretende um dia ser um mestre.
O problema se complica quando o aprendiz se atreve a manipular essas forças, prematuramente.
Segue o enredo de Goethe:
Estando o mestre ausente, o aprendiz aproveita para comprovar suas habilidades. Dirige-se a uma vassoura encostada a uma parede e ordena:
-- Vassoura , mexa-se! Pegue um balde, vá ao poço, encha o balde e despeje a àgua nesta sala!
E pronunciou várias fórmulas, ABRAKADABRA até que, de fato, a vassoura começou a se mexer, com certa dificuldade, pegou um balde, caminhou até o poço, encheu o balde, voltou, já caminhando um pouco melhor e esvaziou o balde na sala do mestre.
O aprendiz exultou. E repetiu a ordem, à qual foi obedecida, com mais desenvoltura.
E assim sucessivas vezes, em ritmo crescente.
E o nível da água subia. E o aprendiz já começava a se preocupar.
E quando a água já alcançava o seu pescoço, ele tentou dar a contra-ordem.
Mas não conseguia, por mais que tentasse.
Naquele momento, na iminência de se afogar, chega o mestre e dá a contra-ordem:
--Vassoura, pegue este balde, e despeje toda essa água de volta ao poço!
E a vassoura, ao mestre, obedeceu.
Esse é o perigo que nós corremos.
O apendiz nuclear é aquele que manipula poderosíssimas forças ocultas que jazem no interior do núcleo do átomo. De repente, costuma acontecer, essas forças se revoltam e o feitiço se vira contra o aprendiz. E repercute longe.
E Lutzenberger concluía , execrando a tal de energia nuclear. Uma bruxaria indecente e imoral, que para tanto já a vassoura reservou.
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