A SANÇÃO

  A SANÇÃO

  Já na minha adolescência, há 70 anos , eu ouvia essa palavra apenas no contexto bíblico, Sansão, com s, a heróica figura interpretada por Victor Mature, contracenando com  Hedy Lamarr no papel de sua amada Dalila. dirigidos por Cecil B. de Mille. Hoje, sete décadas depois, a cada minuto ressoa aos meus ouvidos a mesma palavra, com ç. Os vários países que se aventuram a perturbar a ordem pública, sofrem alguma forma de sanção.

   É uma medida corretiva que visa alertar o respectivo autocrata de que deve ajustar sua política no sentido da paz mundial. Caso contrário o seu povo vai sofrer.É a lógica de Talião: Aqui você faz, aqui você paga.

   Alguns analistas garantem que a sanção é inócua. Só a Venezuela sofre cerca de 900 sanções. A Rússia muito mais. Os respectivos povos sofrem. Mesmo assim Maduro e Putin não se curam de sua doença megalomaníaca. Ambos insistem em conquistar sempre mais. "O povo que se dane", pensam eles.

   Instala-se o caos social e o respectivo governante bufão não se corrige. Só entrega o poder preso, ou  envenenado.

   Maduro, por exemplo, está sentado sobre a maior reserva petrolífera do planeta. Não satisfeito ainda quer conquistar Essequibo. Só para deitar-se sobre um lençol oleífero maior, já sabendo de antemão que não poderá explorá-lo , por causa das benditas sanções. Não consegue explorar nem as próprias fontes venezuelanas. Não tem tecnologia, nem se dispõe a desenvolver  tecnologia própria. Prefere ser vítima das sanções. Ao demonizá-las confessa sua incapacidade de emancipar-se das economias avançadas, livres e democráticas, que desenvolveram suas técnicas por esforço próprio.

   Os ofendidos e sancionados recusam-se a emancipar-se.. Preferem apelar para a vitimização.   A ciência da psicologia já descobriu que a comiseração é uma patologia que se retroalimenta. O sintoma de se fazer de pobre vítima apenas perpetua a doença.

 Um exemplo histórico é o do heróico povo hebreu, o único escolhido para cumprir três missões cósmicas: o monoteísmo, o cientificismo e o messianismo. Atravessou séculos de contínuas lutas contra seus vizinhos, os filisteus , os moabitas os cananeus,etc., pagãos politeístas, moradores na Terra Santa.

   Com o advento do Cristianismo  e uma vez  cumprida sua missão messiânica, grande parte do Povo Eleito deu continuidade à sua obra e acatou a  Boa Nova. Uma outra parte permaneceu fiel ao passado, à Antiga Aliança,à Lei Mosaica.  Não conseguiu dar o passo para o Novo. E espalharam-se pelo mundo.

   Nos 20 séculos seguintes o povo hebreu continuou amargando contínuos conflitos com seus vizinhos, tal como antes, até maio de 1945., o fim da ll Guerra Mundial. 

   Nestes últimos 80 anos não mais ocorreram nem pogroms nem holocaustos, entre os israelitas que permaneceram na diáspora, aculturados e miscigenados, nos vários países que os acolheram. A outra metade , os israelenses, optaram pelo exclusivismo. E desde 15 de maio de 1948 vivem num  estado de beligerância permanente contra seus vizinhos , antigos moradores da região.

   A violência  mútua  atingiu seu ápice no dia 7 de outubro último. e não tem data para terminar. O conflito se retroalimenta. Os israelitas já temem o recrudescimento do anti-semitismo, na contramão da História. Isso não deverá acontecer, visto que os israelitas são gratos pelas condições favoráveis que eles construíram, por esforço próprio. Não se vitimizam. As relações só tendem a melhorar, na medida em que se supera a ortodoxia.

   O próprio Estado de Israel já começa a impor sanções aos colonos ortodoxos, retirando-lhes alguns privilégios, exigindo prestação do serviço militar, exercicio de uma profissão e pagamento de impostos, como qualquer outro cidadão. Um fio de esperança.

   Além da Venezuela   outros países como Cuba, Irã e Rússia, também sofrem sanções com o objetivo  de flexibilizar as respectivas ortodoxias, a atéia, a islâmica e a cirílica.

   O efeito imediato é a grita dos sancionados. E tanto mais os governantes sufocam o grito dos que clamam por liberdade, com apoio da mídia comprometida, ideologizada.

   Muitos analistas-influenciadores argumentam que as sanções seriam inócuas. É porque os respectivos ditadores não se corrigem. Pelo contrário ,insistem em ampliar seus domínios e anexar mais terra, Ucrânia, Essequibo...

   A Venezuela explora hoje apenas um terço do petróleo que explorava anteriormente. Por falta de tecnologia. E Maduro fica esperando que os malditos Ocidentais, capitalistas, desenvolvidos, lhe ofereçam tecnologia avançada para ele explorar todo o petróleo da Venezuela e de Essequibo, para si. Maduro aguarda o fim das sanções, ao invés de desenvolver tecnologias próprias e emancipar-se. Prefere vitimizar-se e agravar a situação. Felizmente o povo cada vez menos se comove com a choradeira.

Pergunta-se: Quem mandou Putin invadir a Ucrânia e fechar as torneiras do gás e do petróleo para a Europa Ocidental com o fim de congelar-lhe a indústria e a população?

   Putin impõe severas sanções aos seus fiéis fregueses e opta por fornecer combustível pela metade do preço para a China, sua secular inimiga. Está criando cobra. E a China já começa, oportunamente, a pedir de volta as terras da Siberia asiática anexadas pelo imperialismo czarista. O mesmo argumento putiniano na Ucrânia.É a Sabedoria da História. No momento certo a cobra dá o bote.

O maior pavor da China hoje é sofrer sanções do Ocidente.

   Será que o Ocidente também criou cobra? Por acaso não foi o Ocidente que tirou a China da miséria maoista e em 30 anos a colocou em segundo lugar no mundo como potência industrial- militar? Transferiu para a China capitais, empresas e tecnologias, e mais que tudo ainda ofereceu-lhe o mercado para comprar seus produtos Made in China? Será a serpente chinesa tão tola quanto a russa e dar o bote no Ocidente e matar a galinha dos ovos de ouro? Claro que não. Xi-xi Ping preferirá invadir a Sibéria, e não Taiwan, pois seu verdadeiro inimigo é a Rússia e seu verdadeiro aliado é o Ocidente.

   A Sibéria  é antes asiática, e não russa. A Sibéria tem imensos espaços vazios e imensos recursos naturais, que a China não tem. Xi-xi Ping leu A Arte da Guerra.

   Fica a última pergunta no ar: Será que nossos analistas , com enfoque profissional  militar, entorpecidos pela ideologia, não enxergam o óbvio ululante?   

   Nelson Rodrigues tinha razão.

   O óbvio ulula por essas bandas.

   

   

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