O BEM
O BEM
Numa outra oportunidade falamos aqui da dicotomia Bem e Mal
Hoje falaremos aqui do bem, minúsculo, sem nenhum oposto polar.
Uma mercadoria quando é gerada, assume o caráter de um bem econômico. destinado a satisfazer uma necessidade do ser humano. A mercadoria, mesmo a fabricada por uma máquina, recebe o nome de manufatura. O produto, manufaturado, é um " bem."
Originariamente o próprio bem viabilizava a troca. O escambo não precisava de câmbio.
Se eu produzia 1 kg de arroz eu trocava por uma camisa. O arroz alimentava, a camisa agasalhava.
A situação se complicava quando eu tinha arroz e precisava de sapato. Era uma complicação.
As relações econômicas foram se complexando mais e mais, tornando-se necessário inventar um meio de troca. Surge o conceito de dinheiro, um meio de pagamento. Eu vendia o meu arroz por dinheiro e comprava sapato.
Graças ao dinheiro as complicadas relações econômicas ficaram grandemente simplificadas.
E a moeda de troca era feita de metais. O ouro, a prata, o bronze e até o cobre. Esses metais são hoje sinônimos de dinheiro.
Na Argentina um sinônimo muito usado é "la plata".No Brasil se usa mais " o cobre." Quando alguém deve a outro algum dinheiro ou alguma obrigação, ele é "cobrado." E até hoje o ouro, um metal nobre, é frequentemente interpretado como "o vil metal".
Graças à crescente complicação das relações econômicas, a moeda metálica foi sendo lentamente substituída pelo "papel-moeda". As moedas metálicas subsistem hoje apenas como baixos valores.
Devido à crescente complexidade cambial o papel-moeda foi sendo substituído pelo "cheque", emitido no ato do pagamento, pressupondo-se que ele tenha cobertura no respectivo banco. O cheque sem fundo não tem valor e só pode ser usado em trasações ilícitas.
A crescente complexificação fez surgir o cartão eletrônico, outra grande invenção para facilitar as transações.
Eis a grande vantagem do progresso tecnológico, "facilitando" cada vez mais a vida do cidadão.
Ao cartão de débito sucedeu-se o cartão de crédito,
facilitando ao freguês consumir além de suas necessidades, pagando com dinheiro fictício que nem sequer precisava estar lastreado nos cofres do respectivo banco.
Por isso o banco também podia emprestar dinheiro fictício que nem sequer existia. Essa prática fez a fortuna de muitos banqueiros e a banca-rota de muitos outros.
A antiga troca de arroz por camisa foi sendo gradativamente abstrativada. O fictício abstrato substituía o concreto real, visto que o abstrato e o real são duas faces da mesma moeda. A realidade material e a realidade espiritual são ambas percebidas por órgãos do ser humano, órgãos sensoriais ou órgãos supra-sensoriais.
Por exemplo, a sucessão dos números naturais, 1, 2, 3..., é absoluta abstração. Mas quando se diz 1 banana, ou 2 ou 3 bananas, o abstrato ganha concretude.
O número negativo só existe no abstrato. Eu posso dizer :"Eis aqui uma banana." Mas não posso dizer :Eis aqui menos uma banana." O número negativo é absoluta abstração, assim como o zero. Porém as fórmulas matemáticas contêm o sinal negativo e o sinal nulo, e na prática funcionam.
A matemática é o máximo abstrato revestido do real. A realidade real é perpassada de realidade surreal. Tudo é música, tudo é poesia. Nada diz, sugere.
O arimânico, concreto, está diretamente ligado ao luciférico, abstrato.
O arquiteto, sentado à sua prancheta, idealiza uma casa, transporta a idéia para o papel, desenha um projeto, um pro-jectus, um pré-jet, um jato de criatividade lançado no papel. O pro-jeto é passado ao profissional da construção civil. Este pega o material, o tijolo, a cal, o cimento e executa a obra, obedecendo, religiosamente, às linhas pré-traçadas pelo "arche-tecto", o" construtor primordial."
A casa, edificada em concreto armado, é a expressão física da impressão original que se fixou na cabeça do arquetecto. As duas realidades correspondem-se perfeitamente, caso contrário a obra ruiria.
Aí a casa cai.
No campo das ciências contábeis e bancárias o grande perigo é quando o imaterial extrapola muito além do material. É quando o banco vive no irreal. Ele empresta quatro vezes mais do que ele lastreia em seus cofres. O luciférico prepondera sobre o arimânico na proporção de 4:1.
Vale aí o ditado alemão: "Die Bäume wachsen nicht in den Himmel." As árvores não crescem
até o céu. As casas também não. Só podem ter um andar, ou dois , até três. O prédio pode ter até 10 andares. O edifício pode ter 100 andares. Mais do que isso é difícil. Só o arranha-céus.
A Torre de Babel também pretendia arranhar os céus. Não conseguiu. Virou uma babel, uma babilônia.
A babilônia bancária de 2008 nos Estados Unidos reproduz-se agora ,2024, na babilônia chinesa. Cidades inteiras, super-edificadas, estão vazias. Não têm moradores para habitá-las.
Já dizia o mago-empresário Henry Ford: "Não tem almoco de graça." Alguém vai pagar a conta no caixa, na saída. Se ele não tem prata, vai lavar prato.
No interior da Paraíba a China está construindo a Nova Itamaracà, uma cidade futurista, a babel do sertão paraibano.
Quem vai pagar a conta?
Você não sabe?
Eu sei.
Eu e você.
."
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