ALIANÇAS
Diziam os gregos: " Anthropos estin zoon politikon."
"O homem é um animal social."
O ser humano é um ser social. Nenhum ser é uma ilha, uma "ísola", isolado do resto. Mesmo o animal solitário sobrevive integrado a um contexto maior.
No 4° reino da Natureza, no Reino Humano, não é diferente.
As pessoas estabelecem alianças, sendo arquetípico o
"enlace matrimonial", o enlace patrimonial, a comunhão de bens.
No atual estágio da evolução, no concerto das nações, firmam-se também alianças, com uma conotação algo diferente. Nações se unem e formam um bloco para opor-se a outras, igualmente organizadas em bloco. É o lugar que o homem ocupa no meio desta longa caminhada. Há toda uma jornada à frente a cumprir.
No meio deste longo caminho alguns se juntam para combater outros, e vice-versa.
É a cultura da rivalidade.
Aos trancos e barrancos segue a comunidade humana, com maior ou menor lucidez, enfrentando-se mutuamente, querendo avançar.
A História é sábia. Hierarquias elevadas acompanham os acontecimentos e inspiram as pessoas nos dois sentidos, para frente e para trás.
A História na Terra é um reflexo da História no Céu.
A própria Suíça promoveu há tempos um evento internacional sob o título: "O Mundo das Correspondências", " Die Welt der Entsprechungen".
A questão que imediatamente se coloca é como justificar as tantas tragédias que enchem os livros de História. Por que persiste a rivalidade?
As correspondências entre o superior e o inferior talvez lance luzes nas trevas que insistem em obscurecer a compreensão.
A liberdade no pensar pode ser sempre preservada, se o pensante assim o quiser.
Mesmo encarcerado o indivíduo pode pensar livre.
Mandela nos provou isso. Após 29 anos na prisão, foi libertado e aboliu o "apartheid", sem, em nenhum momento, vingar-se de seus algozes.
Gandhi, depois de passar pela Inglaterra e África do Sul, libertou a Índia da maior potência colonial da época, pregando "ahimsa", a "Não violência". Ele próprio foi vítima da violência, após concluir sua obra.
São lampejos que cintilam aqui e acolá, e iluminam o caminho.
Escuridão existe. Noite existe. A madrugada prenuncia o dia.
A consciência onírica anuncia a consciência diurna de vigília.
A História do século XX ilustra essa verdade.
Em 1922 o fascismo assumiu o poder na Itália. Em 1933 o nazismo assumiu na Alemanha. Trevas e mais trevas, aliadas. Europa Central e Meridional, unidas contra a Europa Oriental.
Era o nazi-fascismo ocidental unido para combater o nazi-fascismo oriental, soviético. Os dois adversários orientando-se pelo mesmo princípio:"O indivíduo não é nada, o Estado é tudo".
Os dois lados, iguais entre si, tentaram aliar-se em "Pactos de Não- agressão".
Queriam unir-se em torno do ideal comum: dominar o mundo. Ambos queriam aniquilar a personalidade individual e substituí-la pelo culto à personalidade. O Führer e o Duce de um lado, com mão de ferro, do outro o "homem de aço". Em alemão o "Stahl", em russo o "Stal".
Não é mera coincidência. O "Chanceler de Ferro", Bismarck, fez sucessores.
Imaginemos a união entre os dois, se tivesse sido concretizada. Aí sim, a aliança, o enlace patri-matri-monial, seria invencível. Estaria selado o destino do Ocidente. E do Oriente.
Não foi o que aconteceu. Providencialmente o Führer ocidental rompeu os laços com o oriental, invadiu-o em 22/06/1941, lutaram barbaramente, enfraqueceram-se, e o domínio do mundo ainda é uma ficção.
Exatamente nestes dias, fins de fevereiro de 2022, um autocrata megalomaníaco, enlouquecido de arrogância, dá as costas ao mundo, e lança-se na pior aventura, a de reeditar o velho delírio que acometeu os césares, os otomanos, os napoleônicos, e tantos outros que optaram pela insensatez.
Assim caminha a Humanidade.
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