COMPUTADOR II

 COMPUTADOR II

Em 1962 consegui meu segundo emprego, como intérprete-tradutor no Centro de Processamento de Dados do Serviço Nacional de Recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Minha função era traduzir os manuais que explicavam como trabalhar com o UNIVAC 1105, da Remington Rand, o primeiro computador importado dos EE. UU para processar os dados do recenseamento da população brasileira.

E o tal UNIVAC 1105 era uma particular maravilha.

Só para sua manutenção foram contratados dois especialistas norte-americano, dos melhores, para cuidar do UNIVAC e treinar a equipe brasileira. Eu  entre eles.

O poderoso UNIVAC ocupava um salão inteiro. E mais uma sala anexa só para guardar as peças de reposição. E mais a minha sala, no andar de cima, ao lado da sala dos programadores. Uma mega estrutura montada para um computador, único.

Meu expediente era das 7 às 16 horas, com uma hora para almoço.

Das 7 às 8, diariamente, eu estava russo, sozinho, no silêncio total, enquanto não ia chegando o chefe e o resto da equipe.

Frequentemente eu descia ao andar de baixo, a serviço, quando solicitado, ou por lazer, para apreciar o funcionamento da máquina, quer dizer, do cérebro eletrônico.

Funcionava na base de cartões perfurados, "punched cards."

Era tecnologia de ponta. Fazia milagres. Era tudo perfeito. Não podia haver erros. Até os "punched cards." Eram cartões perfurados, sem furos.

Meu amigo Osmar fazia piadas.

Espalhou na cidade que eu, ao conversar com o UNIVAC, errei um verbo, e várias válvulas queimaram, instantaneamente.

Foi ali, no CPD do SNR do IBGE,  que eu conheci a palavra "cibernética." Depois não mais ouvi a palavra.

Muitos anos depois apareceu na mídia, cibernética, cybernetics, Cyberspace, e a novíssima "Cyber War".

Em 1962, jamais eu poderia imaginar que um UNIVAC 1105, do tamanho de um salão de festas, evoluiria para um despretensioso PC de mesa, ou um celular de bolso.

Mas a "Cyber War" já ameaça ir além da ficção.

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