"Ciclos de prosperidade"

Desde que fomos descobertos, há 522 anos atrás, vimos insistindo no modelo econômico exportador de matéria prima barata, os chamados "Ciclos econômicos de prosperidade".

Começamos pelo " ciclo do pau-brasil", veio depois o "ciclo da cana-de-acucar", o "ciclo do ouro", o "ciclo do café", o "ciclo da soja."

Apesar de toda essa riqueza exportada o país continua atrasado, sem saneamento básico, nem educação, alimentação, saúde, com índices abaixo do desejável.

Fica provado que o modelo não funciona para o todo, beneficia sim alguns poucos, madeireiros, senhores de engenho, donos da Casa Grande, mineradores e agro- negociantes.

Já era tempo de entendermos que servir à metrópole, em detrimento dos colonos, é uma opção perversa, mesmo quando grandes economistas como o Prof. Dr. Delfim Neto, afirma categoricamente que "Exportar é o que importa."

O atual "ciclo de prosperidade" baseado na exportação de alimentos e minérios, confronta-se com a realidade.

Por exemplo, o agronegócio pende por um fio, desde sempre.Como todos sabemos agora, e não sabíamos, 85% dos fertilizantes consumidos no Brasil são importados de outros países e outros continentes. Essa é a lógica absurda: importamos de longe os fertilizantes e exportamos para longe os produtos da fertilização, passando por cima de 40 milhões de brasileiros carentes.

Como nenhuma árvore cresce até o céu (Kein Baum wächst in den Himmel), finalmente estamos sentindo o choque de realidade. 

Temos estoques de fertilizantes até setembro. Em outubro começa a temporada de plantio. Aumenta a demanda, cai a oferta, sobem os preços, dolarizados, dependentes do petróleo.

Nosso país é o campeão da biomassa. Faz fotossíntese doze meses por ano, tem a maior floresta tropical, 12% da água doce do mundo.

Porém toda nossa preciosa matéria orgânica, resíduos domiciliares, urbanos e industriais, são despejados em rios, lagos, lagoas, lixões e aterros. Jogamos fora a valiosa biomassa e compramos de fora os fertilizantes para exportar alimentos.

Com o aval das autoridades.

Chegou a hora de romper esse ciclo vicioso exportador-importador, e privilegiar o cidadão da terra.

É o que ensina a agroecologia biodinâmica: produzir com os insumos gratuitos locais e vender para o mercado mais próximo, percorrendo o mínimo de distâncias.

Qualquer outro modelo voltado para o  distante exterior não é dinâmico. 

É bioestático, insustentável.

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