A TRANSSUBSTANCIAÇÃO

        A dinâmica da vida se faz presente em todos os lugares. "Panta rhei", já  diziam os antigos gregos: " Tudo flui" em contínua metamorfose. A transformação elevada ao patamar de transmutação, química biológica, e mais acima ainda, a transsubstanciação sacramental.

       As reações químicas abrangem as transformações de substâncias entre si, conservando os elementos constituintes.

       A transmutação vai mais além. Transcende a camada exterior de valência, atravessa todos os orbitais eletrônicos e interfere no núcleo do átomo. propiciando a sua evolução para um elemento diferente.

       Essa conversão de um elemento em outro faz-se normalmente  a alta energia, num reator atômico  para fins pacíficos,  ou numa bomba atômica para fins bélicos.

       Mais interessante é a transmutação biológica de elementos a baixa energia, possível numa célula viva.

       Uma vez entendido esse nível de evolução elementar, poderemos alçar-nos às alturas sacramentais e vislumbrar o que seria a "Transsubstanciação", a terceira fase do ritual cristão.

       Essa terceira fase é apresentada pelo sacerdote do lado esquerdo do altar, em tom de voz um pouco mais baixo. A comunidade continua assimilando o conteúdo, meditativamente.

       Por fim, na quarta fase, a comunidade se levanta, vai ao altar e recebe das mãos do sacerdote, o pão e o vinho, consagrados, transsubstanciados, de modo a propiciar  a Consagração do Homem, encontrar a sua verdadeira identidade.

       As quatro fases do Ato de Consagração do Homem encontram sua perfeita correspondência na atuação do agricultor, o que exerce a profissão arquetípica.

       No início o agricultor aprende sua profissão. Recebe os ensinamentos de seu mestre.

       Em seguida toma suas ferramentas, trabalha a terra e lança a semente em terra fértil.

       O agricultor se retrai e deixa a Natureza agir. O agricultor dorme, acorda, dorme, acorda,  a semente germina, cresce, floresce, frutifica e se multiplica, em 30, 50 100 vezes.

       A semente original passa por contínuas transsubstanciações, até completar seu ciclo.

       Finalmente a planta é colhida e levada à mesa para consumo.

       A planta é recebida pelo Homem como a Hóstia consagrada. A Criatura comunga-se com o Criador.       

       Na refeição consuma-se a Comunhão.

       O agricultor é o cultor do agri, o cultivador da terra, o sacerdote que tem o sacro dote de conduzir todo o Ato e levar à mesa o alimento apto a nutrir o corpo, a alma e  o espírito

       Cada refeição recebida com esse sentimento é um prolongamento  da Santa Refeição, da Santa Ceia, celebrada pelo próprio Cristo e seus doze apóstolos, na noite da Quinta-feira Santa, quando Ele instituiu a Eucaristia, a Eu Charis, a Boa Graça:

                               "Tomai e comei. Fazei isso em memória de mim."

                                          "Estarei convosco todos os dias"  

       

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