O SACRIFÍCIO

        Essa palavra tem hoje uma conotação negativa. Com o contínuo progresso da tecnologia, tudo foi ficando mais fácil. Tarefas penosas são hoje executadas por máquinas, cada vez mais aperfeiçoadas.

       Na medicina a anestesia foi a grande invenção. Na década de 50 a obturação de dentes era feita com brocas metálicas que perfuravam os dentes, sem piedade. Hoje tudo foi abrandado. O paciente só sente a picada da agulha que injeta o anestésico. 

       Somos gratos ao progresso tecnológico.

       O outro lado da moeda é a nossa indisposição de aceitar a dor ou oferecer voluntariamente um sacrifício a bem de algo maior. Esse é o verdadeiro sentido da palavra "sacrifício." É o "sacro ofício", o fazer sagrado, não por imposição externa.

       O "sacro ofício" pressupõe o ato de vontade, a oferta, o oferecer espontâneo. O verbo "oferecer" subentende o ato livre e espontâneo. Ninguém pode ser forçado a oferecer algo.

       Assim compreendemos melhor o segundo passo do ritual cristão, o "Ofertório."

       O ritual começa pelo "Evangelho", o"Eu Angelion", a boa notícia, a Boa Nova, anunciada pelo sacerdote no lado esquerdo do altar e recebida pela comunidade neste lado receptivo.

       Na segunda fase do ritual o sacerdote desloca-se para o lado direito e celebra o "Ofertório" oferecido pelo lado ativo do Homem, o lado do braço direito.

       Na língua alemã essa segunda fase denomina-se "Opferung", palavra derivada de "Opfer", o sacrifício. Portanto no sentido cristão "Ofertório" é oferecer o sacrifício de bom grado, com alegria, por livre e espontânea vontade. Assim esse "fazer" ganha o predicado de "sagrado". Alcança as alturas do sacramental.

        Oportunamente falaremos aqui da terceira e quarta fase do ritual, o Ato de Consagração do Homem, o serviço religioso adequado ao Homem do século XX  e XXI.

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