O ADVERSÁRIO

        A evolução da Terra e do Homem seguia normalmente, obedecendo aos desígnios superiores traçados pela Divindade. As nove hierarquias espirituais se articulavam perfeitamente, cada uma cumprindo  exemplarmente suas respectivas funções. conforme magistralmente descrito na "Ciência Oculta", de Rudolf Steiner.

       Até que, num determinado momento, na terceira fase evolutiva, na chamada Antiga Lua, um grupo de entidades, em si também sublimes, desenvolve uma independência, rebela-se contra a Criação e passa para o outro lado, atuando a favor da involução. quer dizer, como agentes do Mal, do "malum", da maçã, o fruto do "malus" da macieira, a Árvore da Ciência do Bem  e do Mal.

       A proposta serpentina,em si era boa. Visava despertar a consciência do Homem, abrir-lhes os olhos, superar a infantil inocência. Habilitá-lo a evoluir por esforço próprio.

       Daí a incompreensão dirigida às |Forças Adversas. tidas como entidades demoníacas, abomináveis.         Esse é o perigo.  

       Na medida em que os homens demonizam essas Forças, mais elas se fortalecem em sua malignidade.

       A recíproca é verdadeira.

       Na medida em que o homem, imbuído de autêntica virtude cristâ, reconhece a necessidade do Mal, e se sobrepôe às suas influências, supera-as e acompanha essas entidades em sua longa jornada para o Mal e seu retorno ao seio da Divindade de onde um dia elas saíram. Elas terão percorrido caminhos sombrios como seres perniciosos, submetidos à mais terrível privação: Não tinham  acesso ao Cristo.

       Tendo uma vez conquistado a Liberdade, o homem sai vitorioso.

       O Mal perde o seu sentido de existir. Torna-se supérfluo. Ressurge como uma Força do Bem.

       Eis aí o Mistério da Transsubstanciação, o passo que sucede ao Ofertório. Após Oferecer seu Sacrifício, segue-se a Transmutação do Mal em Bem. 

       A Consagração do Homem consuma-se no Ato de receber a Hóstia Consagrada e, como Criatura,  comungar-se com o Criador.

      Goethe, poeticamente, assim se expressou:

       "Von der Gewalt, die alle Wesen bindet,

         Befreit der Mensch sich, der sich überwindet."

       "Do poder, que a todos encarcera, 

         Liberta-se o Homem, que a si mesmo se supera."